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Respostas Rápidas: O que está a afundar as bolsas mundiais?

Wall Street, Ásia e depois Europa. Os mercados acionistas nas principais regiões estão a sofrer perdas avultadas. O Jornal Económico responde às perguntas sobre as causas, a extensão e a duração do ‘selloff’.
  • Alex Grimm/Reuters
11 Outubro 2018, 14h21

O que está a acontecer nas bolsas?

Nas últimas 24 horas, houve um ‘efeito dominó’ de queda dos índices acionistas, que começou esta quarta-feira à noite em Wall Street, estendeu-se à Ásia na madrugada seguinte e, ao longo desta quinta-feira, à Europa.

“As bolsas europeias continuam em ambiente de pessimismo, arrastadas pelas fortes perdas registadas ontem em Wall Street, onde o índice tecnológico Nasdaq 100 tombou mais de 4%, e que se viveu também nas congéneres asiáticas, onde o Nikkei perdeu quase 4% e o Shangai Composite perdeu 5%. Nestas fases é natural que o sentimento seja generalizado”, afirmou Ramiro Loureiro, analista da MTrader, Millennium bcp.

Qual foi a dimensão da queda em Wall Street?

O industrial Dow Jones caiu 3,13%, para 26.603,08 pontos, enquanto o financeiro S&P 500 perdeu 3,29%, para 2.785,68 pontos e o tecnológico Nasdaq afundou 4,08% para 7.422,05 pontos. Esta foi a maior queda desde fevereiro e também a primeira vez que o S&P 500 encerrou cinco sessões consecutivas no ‘vermelho’ desde novembro de 2016, aquando da eleição de Donald Trump.

Qual foi a causa?

Os analistas do Bankinter apontam para duas principais razões para o sell-off em Wall Street. Sem referências, o mercado centrou-se, por um lado, no medo de uma rápida subida das yields das obrigações, causada por aumentos dos juros pela Reserva Federal. Por outro lado, consideram ser consequência da guerra comercial, depois de a Fastenal ter alertado sobre uma queda das suas margens, devido ao aumento do preço das matérias primas.

Foi inesperado?

“A queda acentuada dos EUA provavelmente não apanhou ninguém de surpresa. Os investidores estão é a perguntar-se como, diante de uma política monetária mais rígida, um mercado de trabalho em contração e o aumento dos preços do petróleo, os Estados Unidos continuaram tão resiliente”, explicou Paras Anand, head of asset management Asia Pacific da Fidelity International.

Qual foi a reação de Trump?

O presidente Donald Trump criticou a Fed dizendo que foi o “erro” do banco central dos EUA que causou o pior sell-off do mercado de ações dos EUA desde fevereiro. “A Fed enlouqueceu”, disse Trump, na quarta-feira, quando chegou à Pensilvânia para um comício. Após o fecho do mercado norte-americano, a Casa Branca emitiu um comunicado em que afirmou que a economia dos EUA está “incrivelmente robusta” apesar da queda das bolsas.

Como influenciou as bolsas asiáticas?

A bolsa de Xangai perdeu 4,3%, o nível mais baixo dos últimos quatro anos e a bolsa de Shenzhen perdeu 5,5%, o pior resultado desde outubro de 2014. O índice Hang Seng caiu 3,8% no encerramento da sessão, ficando abaixo dos 26.000 pontos e alcançando o nível mais baixo desde maio de 2017.

E os índices europeus?

A Europa foi arrastada pela tendência, que é generalizada, até porque nos últimos dias já vivia tempos de incerteza devido à crise em Itália. Às 14 horas, índice pan-europeu Euro Stoxx 50 cai 0,77%. O alemão DAX perde 0,56%, o francês CAC 40 desvaloriza 1,08%, o espanhol IBEX 35 cai 0,64% e o italiano FTSE MIB cede 0,45%.

Portugal está a seguir a tendência?

O PSI 20 é a exceção na Europa e segue a ganhar 0,15% para 5.044,40 pontos, impulsionado principalmente pelo setor do papel. Com a revisão em baixa da taxa anti-dumping dos Estados Unidos de 37,34% para 1,75%, anunciada esta quinta-feira à noite, a Navigator dispara mais de 8% e a holding Semana 7,7%.

As quedas globais vão continuar?

“A pergunta que hoje todos fazemos é simples: o ciclo económico e de mercado inverteu e estamos a entrar em recessão? A resposta também é simples: não”, garantem os analistas do Bankinter. A equipa de research explica que as bolsas caem por receios de que a curva das taxas americana inverta e que isso indique, segundo a teoria clássica, recessão. No entanto, dizem que tal ainda não aconteceu e, embora a curva esteja plana, não significa necessariamente uma inversão de ciclo, mas sim uma normalização muito rápida das taxas de juro nos Estados Unidos.

“A nossa opinião é de que a curva das taxas americana acabará quase plana quando a Fed terminar o processo de subida das taxas, mas que não irá inverter e que, além disso, a macroeconomia e os resultados empresariais irão normalizar em níveis suficientemente bons para que tal inversão não ocorra. Caso assim seja, as bolsas estariam agora a ter uma reação exagerada. Em momentos como este é preciso elevar um pouco a perspetiva”, acrescentam.

O que é que os investidores podem fazer?

Anand, da Fidelity International, considera que este momento poderá ser visto como uma oportunidade. “Dado que as perspetivas de médio prazo para a economia global permanecem robustas e a retirada gradual dos estímulos monetários é um sinal de um retorno a condições mais normais, a resposta certa para os investidores aos sinais do mercado norte-americano finalmente perderem força é procurarem valor em áreas que já foram vendidas de forma agressiva”, diz.

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