O restaurante ‘Flor de Sal’, localizado em Mirandela, será o único português a participar na Semana Gastronómica Luso-Brasileira, uma iniciativa levada a cabo pelas embaixadas de Portugal e do Brasil em Addis Ababa, capital da Etiópia, no âmbito das Comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil.
Esta semana gastronómica luso-brasileira, que se inicia esta terça-feira e se prolonga até ao próximo dia 21 de novembro, estará focada nas gastronomias regionais de Trás-os-Montes e de São Salvador da Bahia, com chef Dadá, com os restaurantes Sabores da Dadá e Sorriso da Dadá.
O restaurante Flor de Sal, liderado pelo chef Bruno Cambado, representará Portugal e a cozinha transmontana numa iniciativa que pretende dar visibilidade a uma cultura de sabores ancestrais.
O restaurante ‘Flor de Sal’ nasceu em 2004 com uma proposta de cozinha de autor, “uma novidade que causou grande impacto e que levou muitas pessoas a Trás-os-Montes, quando nem no Porto existia algo semelhante”, conforma sublinham os seus responsáveis.
Foi considerado em 2005 e 2006 um dos melhores restaurantes do país, com a atribuição do prémio ‘Garfo de Ouro’ e a recomendação no Guia Michelin. “Nessa altura, praticamente não existia a cultura do menu de degustação”, recordam os responsáveis do restaurante transmontano.
“Estamos há um ano com o ‘Flor de Sal’ e a nossa aposta agora é bem distinta: vamos às raízes da cozinha transmontana com preços locais para o cliente local. A cozinha do ‘Flor de Sal’ é uma homenagem à autenticidade dos sabores de Trás-os-Montes com apontamentos de modernidade: as carnes, o polvo servido em pote de ferro, o bacalhau, as alheiras. Apostamos nos produtos da época cultivados pelos produtores locais”, explica o chef Bruno Cambado.
“Exemplo disso é a Rota do tomate coração de boi do Douro, do qual fazemos parte, levando os produtos diretamente da terra para a mesa. Curiosamente, não raras vezes o Douro é apresentado como um território à parte, quando na verdade é uma região demarcada de vinhos pertencente a Trás-os-Montes e que bebe da sua história e ancestralidade”, precisa o chef de cozinha.
Numa pequena entrevista ao Jornal Económico, o chef Bruno Cambado explica como surgiu o convite para ir à Etiópia apresentar a gastronomia transmontana e revela os pratos fortes desta iniciativa.
Como surgiu este convite para o chef Bruno Cambado e o restaurante Flor de Sal representar a gastronomia portuguesa na Semana Gastronómica Luso-Brasileira que irá decorrer de 15 a 21 de novembro, em Adis Ababa, Etiópia?
O convite para representar Portugal na Semana Gastronómica Luso-Brasileira surgiu após um almoço, em junho passado, do embaixador do Brasil na Etiópia, Jandyr Ferreira dos Santos, no nosso restaurante. Na altura, a embaixada do Brasil na Etiópia estava a preparar um evento no contexto da Comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil, e posteriormente, em conversa com a Embaixada de Portugal na Etiópia, esta decidiu juntar-se e fazer parte desta união gastronómica entre os dois países.
Quais serão os pratos/receitas que o chef irá apresentar neste evento e porquê?
A nossa proposta é uma homenagem à cozinha transmontana: os milhos, os cuscos de Vinhais, as alheiras de Mirandela, o azeite de Trás-os-Montes. Entre os pratos que serão apresentados em Adis Ababa, destacamos, como entrada, os bolos de bacalhau; como pratos principais, a alheira de galo; nas guarnições, os cuscos de Vinhais com legumes e as milhas com tomate; e, como sobremesa, o pudim de castanhas. Teremos ainda provas de azeite regional transmontano.
Neste país, a Etiópia, e no contexto sóciocultural em que se insere, haverá a possibilidade fazer maridagem com vinhos portugueses? Se sim, que vinhos, de que regiões, porquê?
Sim, como o nosso foco é a gastronomia transmontana, os vinhos que apresentaremos são naturalmente os vinhos transmontanos. Não existem produtos portugueses na Etiópia e a expressão da cultura portuguesa é praticamente inexistente, por isso iniciativas com este cariz são da máxima importância, sobretudo tratando-se de uma cozinha tão característica e única como a transmontana.
Qual o impacto positivo que espera receber com a participação neste evento para a atividade corrente do restaurante Flor de Sal em Mirandela?
A nossa expectativa em termos de impacto na movimentação de clientes no restaurante é nula, mas em termos mediáticos e de notoriedade sem dúvida terá repercussões. O mais importante para nós é levar um pouco da cultura transmontana e dos nossos produtos – os azeites, os vinhos, as formas de confecionar – à Etiópia, para que as pessoas conheçam o que temos para oferecer.
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