A atual lógica da União Europeia pode representar um risco para a identidade cultural e religiosa da Europa, e para a conceção orgânica da sociedade ligada à defesa dos valores, da cultura e da tradição, quer através do Estado quer através da família.

Foi sendo criada a ideia, profundamente anti-humanista e avessa ao projeto de Monnet, de que o indivíduo vale como um número e não como pessoa, e a Europa tornou-se, tão-só, uma tentacular sociedade mercantil onde tudo tem um preço, mas nada tem valor.

A eficiência dos dados económicos prevalece sobre a autodeterminação, desprezando-se hoje, cada vez mais, a responsabilização pelos mais vulneráveis exatamente porque contam, cada vez menos, nesta lógica economicista. Urge retomar uma visão orgânica dos temas económicos e aproximá-los dos imperativos sociais, e lutar contra o individualismo que as novas sociedades parecem querer radicalizar.

Simone de Beauvoir, embora reconhecida relativamente à luta feminista pela igualdade de direitos, nunca foi tão contestada como hoje. Afastar a mulher da feminilidade em prol da independência é uma tendência que se apresenta gradualmente em crise. Há que ter a coragem de pôr em causa as propensões desumanizadoras da cultura contemporânea, e criar uma corrente contra-hegemónica conservadora que atraia tanto a classe média como os trabalhadores, e que, sobretudo, lhes fale ao coração.

Combater os liberais e os socialistas para os quais tudo vale em nome da “liberdade individual”, tornou-se a chama do século. Criar um movimento conservador, racional e moderado, cuja motivação primária não se funde em preconceitos raciais e xenófobos, é cada vez mais a alternativa libertadora na atual sociedade de massas, sem esquecer, no entanto, a imigração descontrolada que permitiu a invasão do Islão.

Neste momento, confiar em políticos pressurosos que agarram nas bandeiras populistas para ganhar votos, com o endosso dos eleitores que votam não por convicção mas por reação ao sistema político-partidário insolvente, não é solução. A solução passa pela ação progressiva dos conservadores bem-intencionados nas democracias europeias em crise, democracias que se deixaram conformar com a fluidez cultural e económica, dando-lhes o esteio para a mudança que se espera amanhã.