Felizmente há cada vez mais empresas que percebem e reconhecem a importância dos seus colaboradores. Têm como pressuposto que “o nosso sucesso é o sucesso dos nossos colaboradores”. E fazem-no não apenas por palavras bonitas e soundbytes preparados para os media, mas antes através de medidas que ajudam, efetivamente, as pessoas que, todos os dias, se empenham para que as empresas que representam sejam as melhores.

São inúmeros os estudos nestas áreas que concluem que um colaborador que é reconhecido pela empresa e que perceciona a sua chefia como um verdadeiro líder é mais dedicado, motivado e entrega-se mais à empresa. Em suma, veste a camisola!

Mas (e este “mas” é muito importante) para lá dos estudos há decisões e políticas nas empresas que mudam a vida dos seus colaboradores para melhor. E é sobre isso que hoje escrevo.

Matthew Moulding é um gestor britânico de 48 anos, reconhecido por ser, além de um empreendedor e líder, um empresário muito generoso. O fundador do Grupo Hut, de origens muito humildes, começou por vender CD no início do ano 2000, mas adaptou-se e tem atualmente mais de 100 páginas na internet que representam diferentes produtos e marcas, como a Honda e a Nestlé. Uma das suas marcas é a MyProtein, de suplementos alimentares.

Moulding foi recentemente notícia porque retribuiu aos seus colaboradores pelo empenho que colocaram no seu trabalho. Ofereceu ações da sua empresa, que entrou em bolsa em setembro de 2020, e tornou-os milionários. No total, foram 830 milhões de libras, mais de 930 milhões de euros, naquela que foi uma das maiores distribuições de sempre na história do Reino Unido. A comunicação social noticiou que houve mesmo uma secretária pessoal do gestor que se reformou aos 36 anos.

Entre as suas “facetas”, este empreendedor doa anualmente a totalidade do seu salário, no valor de 750 mil libras; doou 10 milhões de libras para apoiar o combate à Covid-19 no seu país e deu ainda dois milhões de libras para ajudar os trabalhadores que estavam na linha da frente no combate ao vírus.

Desde que o Grupo Hut foi fundado em 2004, os seus colaboradores já foram premiados com um montante que representa cerca de um quinto do valor da empresa em bolsa. Bem sei que o dinheiro não é tudo, mas ajuda e bastante!

Felizmente, embora noutra realidade, este não é caso único e uma empresa portuguesa, de Braga, pertence também a este grupo, diria que cada vez menos restrito, de empresas que retribuem e reconhecem os seus colaboradores.

O Grupo Bernardo da Costa, através do seu Departamento de Felicidade, também se revê nesta visão de sucesso partilhado. Em 2014 começou por pagar férias em destinos tropicais aos seus colaboradores. Repetiu-o durante vários anos. Os que não podiam ir recebiam um salário extra para compensar.

Recentemente, já em 2021, o Grupo anunciou que estabeleceu como ordenado mínimo, para cinco das seis empresas que detém, o valor de 800 euros, acima da meta do Governo para 2023, que é de 750 euros.

Embora com realidades, dimensões e geografias muito distintas, estas empresas e os seus líderes têm em comum a capacidade e vontade – porque muitas vezes falta vontade – de retribuírem aos seus colaboradores, um agradecimento que marca e fica inolvidável. As consequências, benefícios, destas decisões estão à vista de todos, mas só os verdadeiros líderes as conseguem ver.