Desde a Revolução Industrial, tem sido aceite que as casas, vistas como bens de consumo, sejam produzidas em massa por profissionais e consumidas em massa pelos cidadãos. Esta visão tem implicações profundas para a sociedade em que vivemos, dificultando o acesso a habitação acessível e de qualidade, fazendo com que nas ruas das cidades, ecoe o descontentamento da população, que exige uma casa para viver.

A crise habitacional em Portugal, e na Europa, tem sido alimentada por anos de políticas públicas inexistentes ou difíceis de implementar, especulação imobiliária e reduzido investimento em habitação pública. Esta situação tem empurrado milhares de famílias para situações precárias, forçando-as a viver em condições indignas ou em bairros periféricos longe dos centros urbanos onde trabalham.

Os diferentes decisores têm-se comprometido a construir e renovar 26.000 casas até junho de 2026, utilizando os fundos do PRR. A meta de novas habitações não é apenas uma promessa numérica, mas uma resposta necessária às vozes que clamam por mudanças. Contudo, o sucesso desta iniciativa depende de uma abordagem estratégica que garanta eficiência e qualidade, cumprindo os prazos estabelecidos.

O desafio é maior quando a indústria da construção está a ter dificuldades em construir a um preço que faça sentido para atender à procura por habitação acessível. É tempo do setor investir na construção industrializada, que permite construir em larga escala com maior eficiência e menor impacto ambiental. A modularidade, a padronização, a digitalização de processos e a utilização de materiais sustentáveis podem não só reduzir os custos e o tempo de construção, como também contribuir para a criação de habitações mais duráveis e energeticamente eficientes.

A construção industrializada ainda enfrenta resistência em Portugal. Para superar estas barreiras, as empresas precisam ser proativas, investindo em tecnologia, formação e inovação, além de colaborarem estreitamente com governos e outros atores para adaptar as normas e regulamentações às novas realidades do setor.

O sucesso desta revolução acessível não só responderá às necessidades imediatas de casas para todos, mas também definirá o futuro da construção em Portugal, promovendo um setor mais sustentável, inovador e resiliente. As empresas que conseguirem superar os desafios estarão bem posicionadas para liderar o futuro da construção, beneficiando das vantagens competitivas que a construção industrializada proporcionar.