A tendência de maior regulação dos mercados financeiros tem aumentado as necessidades de consultoria no setor tanto do lado das empresas como dos investidores, segundo Rita González, fundadora da consultora financeira independente RG Consulting, cuja principal atividade é apoiar as cotadas no posicionamento no mercado de capitais.
Nascida no ano passado em pleno “período novo e complexo” da implementação da diretiva europeia para os mercados de capitais DMIF II, a responsável pela consultora sublinha que esta “revolução” traz novos desafios tanto para intermediários como para investidores e até para as empresas gestoras dos índices acionistas.
“A entrada em vigor da nova diretiva europeia está a implicar uma grande mudança no funcionamento do mercado de capitais na Europa, mas que também tem impactos a nível global. A cobrança separada do research e corporate access imposta, antes financiados através das comissões de trading, vem afetar todos os players do mercado de capitais: bancos de investimento/brokers, investidores e empresas cotadas, e também a forma como as próprias bolsas se posicionam para suportar as empresas”, afirmou Rita González, em entrevista ao Jornal Económico.
O novo contexto de mercado implica duas grandes mudanças estruturais, diz. Por um lado, o facto de o research e corporate access serem pagos leva a que os investidores sejam mais seletivos e, consequentemente, a uma redução da oferta total de research. Por outro, o aumento da relação direta entre o buy-side e as empresas, tem grande impacto no workflow para as equipas de investor relations.
“Estas duas tendências, aliadas a um menor suporte ou apoio dado pelos brokers às duas partes, faz com que investidores e empresas precisem de recorrer aos serviços oferecidos por empresas como a RG Consulting”, afirmou Rita González.
No mercado ibérico, a RG Consulting presta assessoria a empresas como a EDP, REN, Navigator, BME, Iberdrola e Ferrovial. Através de uma parceria internacional com a belga Phoenix-IR, trabalha ainda com empresas como IBM, General Electric, Edison ou a Fedex.
Entre as principais dificuldades que os clientes da RG Consulting apresentam, Rita González assinala que o antigo modelo de research e corporate access estava muito desgastado. “Além do conflito de interesse existente, a qualidade muitas vezes era questionável”, critica. “No novo modelo de negócio, o apoio dos brokers vai ser mais reduzido, pelo que as empresas vão ter que ser mais pro-ativas na forma como gerem o esforço na promoção da visibilidade no mercado de capitais”.
Assim, assinala que do lado dos investidores, alguns dos clientes institucionais alegam não ter acesso às empresas que gostariam. Já do lado das empresas, refere que sobretudo os clientes com menor capitalização bolsista estão com mais dificuldade em chegar aos investidores certos.
A RG Consulting oferece, por isso, acesso ao mercado através de roadshows e reverse roadshows, targeting, research ao nível da Identificação Accionista (Share-ID) e Perception Studies, comunicação financeira, comunicação dos Investor Relations e conferências.
“A empresa fornece um conjunto de serviços de advising a empresas e investidores. Aos índices bolsistas, por exemplo estamos neste momento a apoiar a Bolsa Espanhola (BME) no foro de Latibex que vai decorrer em novembro”, explicou.
Para o futuro, Rita González vê como principal desafio a transformação da relação entre investidores e empresas poder levar a uma “perigosa redução” do fluxo da informação. “Este seria um resultado perverso para uma nova legislação, cujo objetivo final foi promover maior transparência”, alerta.
Acrescenta ainda que o mercado de ofertas públicas inicias (IPO) na Europa continua pouco ativo, como consequência da incerteza existente, tanto das mudanças na lei europeia, como de fatores externos – apontando para o Brexit ou as políticas do presidente dos EUA, Donald Trump -, o que leva a que as empresas prefiram outras formas de financiamento.
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