[weglot_switcher]

Rio acusa Ventura de dizer “bazófias” mas mantém possibilidade de acordo com o Chega

Aludindo ao discurso dos líderes dos partidos de extrema-direita de Espanha, Alemanha ou França, o presidente do PSD considerou que “eles não andam com essas bazófias nem vivem de clichês, têm um pensamento estruturado, têm lógica, e portanto a probabilidade de conseguirem captar eleitorado firme para si próprios é grande”.
  • JOSE COELHO/LUSA
2 Fevereiro 2021, 08h42

O presidente do PSD acusou André Ventura de dizer “bazófias” e o Chega de ser uma “federação de descontentamento” e um partido de um homem só, mas continuou a admitir um acordo se o partido se moderar.

Em entrevista à TVI, Rui Rio respondeu ao líder do Chega, e terceiro classificado nas presidenciais de 24 de janeiro, que defendeu no dia das eleições que “não haverá governo em Portugal sem que o Chega seja parte fundamental”.

“Enquanto for assim, com essas bazófias, eu acho que nós portugueses estamos bem relativamente à extrema-direita”, declarou.

Aludindo ao discurso dos líderes dos partidos de extrema-direita de Espanha, Alemanha ou França, o presidente do PSD considerou que “eles não andam com essas bazófias nem vivem de clichês, têm um pensamento estruturado, têm lógica, e portanto a probabilidade de conseguirem captar eleitorado firme para si próprios é grande”.

Já no caso do Chega, não é assim “nem de longe nem de perto”, defendeu Rui Rio, justificando que “é um partido, porque está inscrito no Tribunal Constitucional, mas é acima de tudo uma federação de descontentes, ou uma federação do descontentamento, une-se pela negativa” e “vai buscar votos a todo o lado”, mas “fundamentalmente à abstenção”.

“Ninguém consegue ser um partido forte e com eleitorado sustentado quando é pela negativa”, advertiu o líder da oposição, ressalvando que “todos” têm de se “acautelar” caso o Chega seja “transformado num partido pela positiva, com recursos humanos e com ideias”, porque em “função do que for defendido e for construído pode ou não ser perigoso”.

Na sua ótica, o Chega é também um “one man show” (espetáculo de um homem só) porque “não tem ninguém” além de André Ventura e, se não conseguir transformar-se, “vai esvaziar”.

Questionado sobre um possível acordo com o partido liderado por André Ventura no âmbito das eleições legislativas, o líder social-democrata reiterou que exclui “um acordo com o Chega nos termos daquilo que o Chega neste momento é”.

“Se fizer um caminho, uma evolução de moderação, vamos ver, podemos eventualmente conversar”, acrescentou, sublinhando que “o PSD em circunstância alguma vai admitir ou vai aceitar que façam reivindicações para votar o seu Governo de matérias que chocam com os seus princípios”, mas pode ceder “em prioridades”.

Rui Rio aproveitou também para deixar “um recado” para quem o tem aconselhado a “fazer um discurso mais pesado, mais à direita, para captar esse eleitorado mais descontente”, garantindo que não o fará porque “sempre foi um homem ao centro”.

“A minha tarefa é captar as pessoas para as minhas ideias, não é ir atrás da direita, esse é que é o desafio. Não vou fazer obviamente um discurso meramente oportunista e tático para ir buscar” eleitorado ao Chega, vincou o presidente do PSD, entrevistado por Miguel Sousa Tavares.

Sobre o resultado das eleições presidenciais, Rui Rio enalteceu que a vitória foi de Marcelo Rebelo de Sousa, porque foi reeleito Presidente da República e “ganhou o centro, esmagou” (espaço onde se encontra o PSD, que apoiou a sua recandidatura).

Já o PS, “é derrotado nas eleições presidenciais” por “falta de comparência”, criticou.

Nas eleições presidenciais de 24 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado por PSD e CDS-PP, foi reeleito Presidente da República à primeira volta, com 60,70% dos votos.

A socialista Ana Gomes, apoiada pelo PAN e Livre, foi a segunda candidata mais votada, com 12,97%, seguindo-se André Ventura (Chega), com 11,90%.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.