A outra boa notícia é que esta é a segunda revisão em alta em apenas duas semanas, depois de a Standard & Poor’s ter subido, no final de agosto, o rating de “A” para “A+”. As agências internacionais de rating preveem: redução sustentada da dívida pública, equilíbrio orçamental e crescimento robusto da economia portuguesa.

A Fitch refere que Portugal apresenta um desempenho orçamental superior a outros países da União Europeia e admite um excedente para este ano, como acredita o governo, enquanto a média dos países com rating “A” apresenta défices de 2,9%.
Além do défice público, as agências admitem uma diminuição do endividamento externo e um crescimento acima da média da Zona Euro, em 2026 e 2027. Assim, estamos perante um claro reforço da confiança internacional, o que determina a perceção do país pelos investidores externos e isso tem reflexos nos custos do financiamento de Portugal.

Portanto, se os investidores externos acreditam na sustentabilidade das finanças públicas e da economia portuguesa, o resultado é que o Estado e as empresas poderão pagar juros mais baratos quando contraem empréstimos.

O Executivo considera que esta melhoria do rating é o “reconhecimento do trabalho conjunto de famílias, empresas e instituições e agradece o contributo dos técnicos e dirigentes do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública”.

Ouvidos e lidos os argumentos, aquilo que verdadeiramente importa é saber se, a curto e médio prazo, há consistência e coerência de políticas públicas de “contas certas”, seja qual for a cor partidária do governo em funções agora ou no futuro.

As agências de rating são ferramentas essenciais e úteis para a credibilidade de um Estado e para a sua imagem externa, mas não resolvem problemas estruturais de competitividade e produtividade, nem tão pouco reduzem a dimensão da dívida pública e da dívida externa de Portugal.

Estes são sinais de confiança do mercado e, decerto, a proposta do Governo para o OE 2026 terá em conta estas previsões e notas positivas, mas a conjuntura económica europeia e mundial pode agitar este cenário risonho.

Se a incerteza faz parte da evolução da economia e as previsões são sempre úteis, o que realmente os portugueses quererão saber é se haverá capacidade política para resolver custos de contexto identificados há décadas e se a conjuntura internacional terá ou não um impacto negativo maior sobre o crescimento económico português.