A perceção dos mercados financeiros sobre a dívida da República comporta alguns riscos que, se se materializarem, retiram Portugal dos principais índices de obrigações de dívida soberana, o que “afunila” a base de investidores e terá repercussões no custo do financiamento externo.
Cristina Casalinho, presidente da Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública — IGCP, disse esta manhã, na Comissão de Orçamento e Finanças que uma alteração ou antecipação do programa de compra de ativos lançado pelo Banco Central Europeu (BCE) para estabilizar os mercados poderá levar a um “ligeiro aumento” das taxas de juro. Este é um risco externo que, a materializar-se, terá impacto na gestão da dívida. E, além deste, existem riscos internos.
Questionada sobre quais seriam esses riscos, a presidente do IGCP disse que “são aqueles que as próprias instituições de rating também identificam” e que surgem de várias frentes: atividade económica, recuperação da economia e disciplina orçamental do Estado sobre as contas públicas.
Cristina Casalinho identificou, um a um, os principais riscos internos: “desapontamento relativamente à evolução da atividade económica em Portugal, o PIB não crescer conforme ao que estava projetado, a recuperação não ser de forma sustentada e abrangente, haver alguma inversão de tendência em relação ao défice tirando o ano extraordinário que foi 2020, portanto, retomar a lógica de disciplina fiscal que tem vindo a presidir as decisões de nível orçamental”.
A materializarem-se, “e se baixarmos de nível de rating”, voltamos a sair dos principais índices de obrigações de dívida soberana, e significa que a nossa base de investidores fica muito mais afunilada e reflete-se em custos relativos acrescidos”, alertou a presidente do IGCP.
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