Robots a limpar painéis solares e mais robots a cortar o mato que cresce nas centrais solares. Tudo feito com a ajuda aérea de um drone.
Esta é uma realidade que vai chegar a várias centrais solares em Portugal no próximo ano.
A EDP está a preparar calmamente esta revolução tecnológica nas suas centrais. Atualmente, está a realizar testes em Espanha, no Brasil e na Roménia.
O piloto expande-se no próximo ano com 25 centrais solares da companhia em todo o mundo a testar a solução tecnológica que permite reduzir até 80% os custos de manutenção neste segmento (que representam 20% dos custos totais das centrais).
A elétrica quer que Portugal seja um dos países contemplados com a nova fase do projeto-piloto. Uma das possibilidades em vista é que a central solar da Cerca, a maior central europeia da EDP Renováveis, com mais de 200 megawatts (MW) de potência e localizada em Portugal, seja uma das contempladas, disse a administradora Ana Paula Marques, na terça-feira, à margem da apresentação da tecnologia na central de Cruz de Hierro, na região de Ávila, em Espanha.
Mas ainda é cedo. A companhia está a contactar as equipas no terreno para decidir quais as centrais que serão contempladas, num processo que ainda decorre.
“Este piloto é destinado às nossas centrais solares e o objetivo será, no próximo ano, termos já cerca de 25 a testar esta tipologia de solução. Neste momento, estamos a testar maioritariamente na Europa, mas temos já também soluções de robotização a serem testadas no Brasil, em Singapura, e os Estados Unidos, para nós, é uma geografia crítica. Portanto, todo este componente de robotização é algo para o qual estamos a olhar de forma transversal no grupo”, disse Ana Paula Marques em declarações aos jornalistas durante o evento.
A companhia não revelou os valores de investimento no desenvolvimento destas tecnologias, que foram feitas com a colaboração de vários parceiros, incluindo a DTA.
O drone é lançado e, depois, faz uma supervisão da central solar para detetar quais as zonas de mato que precisam de ser cortadas e quais os painéis que precisam de ser limpos. Depois, envia o relatório para a cloud, que processa a informação para dar ordens às máquinas de limpeza e de corte para realizarem o seu trabalho… sem intervenção humana.
Existe um trabalhador por perto a monitorizar as operações, mas apenas devido às regras vigentes, não tendo nenhuma interferência na operação.
Sobre a redução prevista dos custos nas suas operações de manutenção e gestão das centrais, a gestora aponta que este segmento pesa 20% na tipologia de custos. “Quando falamos de uma redução até 80%, é sobre os 20%. Mas o grande enfoque do que estamos a fazer agora é para suprimirmos necessidades de mão de obra e conseguirmos ter condições mais interessantes para os colaboradores em situações de temperaturas muito elevadas ou em localizações mais remotas.”
A hibridização é um dos vários eixos estratégicos da companhia que promete apresentar as suas novas metas no Capital Markets Day, que vai ter lugar a 6 de novembro.
“A hibridização é um eixo de aposta do Grupo EDP e, para isso, temos que garantir que toda a parte dos licenciamentos avança em conformidade. De um ponto de vista legislativo, temos uma legislação e regulação que promovam o investimento para conseguirmos garantir, efetivamente, que colocamos esses projetos todos em marcha”, defendeu.
Sobre o apagão ibérico, com origem em Espanha a 28 de abril, a gestora não fez comentários, limitando-se a dizer que “as equipas trabalham com imensa proficiência em todas as circunstâncias, incluindo essas situações extremas, e diria que é uma questão de parabéns a forma como foram capazes de lidar com essa situação e outras”.
Ana Paula Marques apontou que as “soluções de automatização e digitalização” são chave para o sistema ter “redes mais inteligentes, formas de atuação mais inteligentes e fazem parte do desenvolvimento de atividades das várias indústrias e da energia”.
“É um investimento muito focado numa plataforma de dados e de inteligência artificial, que faz a recolha de imagens para depois podermos ter instruções aos nossos robôs, sejam eles de limpeza, de controle de vegetação ou de controle via drones da parte termográfica”, explica Ana Paula Marques.
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