A contratação de Hélder Rosalino por 15 mil euros brutos mensais falhou e ainda bem. Não reconheço tanta competência ao ex-secretário de Estado. Esteve no governo numa altura difícil que exigia medidas extremas. O país estava falido e era difícil calibrar as decisões. Seria suficiente, era preciso mais. Na altura, era um mundo quase desconhecido e o país parecia estar em risco de vida. Cortar pensões era demais e injusto, os velhos não podem, em regra, voltar a trabalhar para ter rendimentos. Implodir esse contrato — receberás o que tens direito — mataria este contrato social. Ainda assim há um lado compreensível na tentativa de cortar, felizmente chumbada pelo Tribunal Constitucional: e se fosse mesmo inevitável?

Hoje sabemos que não era e, portanto, como a guerra não pode ser deixada só aos generais, a economia também não é território exclusivo dos economistas, no caso foram especialistas na Constituição que evitaram um erro trágico. Quanto a Hélder Rosalino, onde ele falhou foi na chamada mobilidade dos funcionários públicos. Não soube concretizar, errou na construção do edifício, sobrou apenas a ameaça do despedimento. Espantosamente, no Governo iria ter de tratar desta área onde mostrou não ter visão e bom senso e respeito pelas pessoas. Acresce a isto a fraqueza do percurso profissional. Não há nada em que se tenha destacado no setor privado. Zero. Um percurso destes não merece 15 mil euros e uma lei feita à medida para lhe conseguir pagar.

Luís Montenegro quer uma espécie de Elon Musk português para mudar o Estado. Precisamos disso, sim. Então que vá buscar um Paulo Macedo dois — há gente assim, mas não é o Rosalino.