O Banco Central francês iniciará este mês testes de desenvolvimento de um “euro digital” para processos de compensação interbancários.  As experiências irão também explorar a utilização de uma Moeda Digital do Banco Central (MDBC) na compensação de transações de ativos financeiros. O objetivo é que a MDBC possa vir a ser o centro dos processos de compensação de pagamentos e operações, por oposição à entrega “física” de ações, obrigações e outros ativos financeiros.

São já vários os bancos centrais a explorar a criação de moedas unicamente digitais, mas, no caso do Banco Central Europeu (BCE), há a intenção de criar uma Moeda Digital dirigida ao retalho, acessível a todos. Segundo Yves Merch, esse é o foco principal do BCE nesta matéria. Um “euro digital” do BCE poderia funcionar de duas maneiras: uma hipótese seria a circulação de tokens de uma forma descentralizada e por isso anonimamente, e a outra passaria por cada agente económico ter uma conta diretamente no banco central, o que colocaria óbvios desafios aos bancos de retalho e também ao nível da privacidade.

A pandemia de Covid-19 está a acelerar o interesse por moedas digitais. Desde logo, por questões de eventual risco de contágio, mas principalmente por questões práticas.

Registaram-se dificuldades no funcionamento dos sistemas de pagamentos em vários países e, como se tornou evidente nos EUA, foi difícil entregar às famílias os apoios financeiros diretamente, com muitos cheques atrasados ou extraviados. Por outro lado, com a influência cada vez maior dos bancos centrais, a introdução de moedas digitais aumentaria o seu conhecimento em tempo real acerca da economia e ainda, na sua perspetiva, a capacidade de atuação em contexto de recuperação da crise.