[weglot_switcher]

Rússia assume presidência do Conselho de Segurança com foco em Gaza e no futuro da ONU

A Rússia assumiu hoje a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, do qual é membro permanente, e admitiu que dará especial destaque à situação em Gaza e ao futuro da ONU.
1 Outubro 2025, 23h13

A Rússia assumiu hoje a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, do qual é membro permanente, e admitiu que dará especial destaque à situação em Gaza e ao futuro da ONU.

Numa conferência de imprensa em que apresentou a agenda mensal do Conselho de Segurança, o embaixador russo junto da ONU, Vasily Nebenzya, indicou que o seu país irá promover dois eventos especiais durante o mês de outubro, sendo um deles focado na questão palestiniana.

“Será a 23 de outubro, um debate aberto sobre o Médio Oriente. É uma reunião trimestral obrigatória, mas temos planos para elevá-la de nível. A catástrofe em curso em Gaza estará no foco da atenção do Conselho neste dia”, explicou Nebenzya.

Já no dia seguinte, em 24 de outubro, a Rússia irá promover um debate sobre o futuro da ONU, o qual será “uma oportunidade para reafirmar que as Nações Unidas não são uma relíquia do passado, mas um mecanismo único, indispensável e adaptável para enfrentar os desafios mais urgentes do presente e do futuro”, disse.

“O título da reunião é ‘ONU: Olhando para o Futuro’. Planeamos concentrar o debate em torno de várias questões-chave, tais como a implementação rigorosa dos princípios da Carta da ONU, na sua totalidade e interligação, restaurando a confiança na organização e uma visão de longo prazo para o seu futuro”, acrescentou o representante de Moscovo.

Questionado sobre as polémicas declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na semana passada, perante a Assembleia-Geral da ONU, teceu duras críticas à organização, Nebenzya saiu em defesa das Nações Unidas, defendendo que são apenas o reflexo do “estado miserável” da geopolítica mundial.

“A ONU é constituída por Estados-membros, e se os Estados-membros não conseguem concordar em nada, é injusto culpar a ONU por isso”, argumentou o diplomata russo.

“Culpar a ONU é culparmo-nos a nós próprios pelo estado miserável dos assuntos geopolíticos a que hoje assistimos. Claro que ninguém gosta de perder o seu domínio que durou mais de 500 anos no Ocidente. Ninguém gosta dos novos polos em ascensão do mundo. Mas o mundo tornou-se realmente multipolar e ninguém o nega”, afirmou.

Nebenzya admitiu que o mundo está a passar por “mudanças tectónicas”, defendendo, porém, que “devem ser políticas e, com sorte, não militares”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, deverá discursar na abertura do debate sobre o futuro da ONU, assim como na próxima segunda-feira, para quando está marcado um debate sobre “Mulheres, Paz e Segurança”.

“Gostaria de recordar aqueles que se esqueceram que a União Soviética foi pioneira na agenda das Mulheres há mais de 100 anos, promovendo a igualdade de direitos para as mulheres, enquanto no Ocidente tiveram de lutar durante mais várias décadas por isso”, defendeu Nebenzya na conferência de imprensa, ao abordar a importância do evento de segunda-feira.

Ao longo do mês, o Conselho de Segurança vai realizar ainda reuniões sobre a Colômbia, Iémen, Somália, sobre a Força da ONU nos Montes Golã, Líbia, Saara Ocidental, Região dos Grande Lagos, Líbano, Kosovo, Síria, República Centro-Africana e Bósnia-Herzegovina.

Está ainda agendada uma sessão informativa sobre a cooperação entre a ONU e organizações regionais e sub-regionais, com foco na União Africana.

Apesar de não estar marcada nenhuma reunião sobre a Ucrânia, Nebenzya não descartou que possa vir a ser agendada a pedido de qualquer Estado-membro do Conselho.

A Rússia, que está em guerra com a Ucrânia desde que invadiu o país vizinho em fevereiro de 2022, sucede à Coreia do Sul na liderança rotativa do Conselho de Segurança da ONU e será substituída em novembro pela Serra Leoa.

Segundo a Carta das Nações Unidas, o Conselho de Segurança é o principal responsável pela manutenção da paz e segurança internacionais.

O Conselho de Segurança tem 15 membros, dos quais cinco são permanentes e têm o direito de vetar qualquer decisão.

A Rússia tem usado esse direito para impedir a aprovação de resoluções sobre a guerra contra a Ucrânia.

Além da Rússia, são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a China.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.