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Rússia tem o poço mais profundo do mundo, mas não tem petróelo

Segundo o jornal “El Economista”, em vez de ter o objetivo de extrair petróleo, o poço foi projetado para explorar as estruturas profundas da crosta continental do Escudo Báltico, com o objetivo de alcançar a fronteira hipotética entre a crosta terrestre e o manto.
24 Março 2025, 15h50

O poço mais profundo da Terra, localizado na Rússia, tinha como objetivo atingir a camada fronteiriça entre a crosta terrestre e o ‘manto’. Com mais de 12 mil metros de profundidade, este poço sem petróleo foi descontinuado devido aos desafios que encontrou à medida que as escavações foram descendo.

Segundo o jornal “El Economista”, em vez de ter o objetivo de extrair petróleo, o poço foi projetado para explorar as estruturas profundas da crosta continental do Escudo Báltico, com o objetivo de alcançar a fronteira hipotética entre a crosta terrestre e o manto.

O poço tem mais de 12 mil metros de profundidade, tendo sido iniciada a sua escavação durante a Guerra Fria, em 1970, na região de Pechenga, tornando-se uma odisseia geológica que desafiou os limites técnicos, físicos e financeiros do século XX.

Intitulado projeto SG-3, levou ao desenvolvimento de tecnologias pioneiras, como brocas com motores hidráulicos e ferramentas feitas a partir de ligas leves de alumínio para suportar o próprio peso nas profundidades. Este foi um empreendimento sem precedentes.

Konstantin V. Lobanov, geólogo e coautor do estudo comemorativo dos 50 anos do projeto, afirma que “o SG-3 é uma conquista comparável aos voos espaciais, mas direcionado para o interior da Terra”.

Esta ambiciosa descida ao interior da Terra deparou-se com desafios, nomeadamente o calor. Quando a perfuração ultrapassou os sete mil metros e mergulhou em gnaisses, uma rocha de origem metamórfica, as temperaturas começaram a subir mais do que o previsto.

Os dados mostram que a 10 quilómetros de profundidade registaram-se 180º Celsius e aos 12 quilómetros 212º Celsius.

Estas temperaturas alteraram os planos, uma vez que os equipamentos estavam desenhados para suportar temperaturas entre os 100º e os 120º Celsius. “O aumento da temperatura observado no SG-3 foi significativamente superior ao esperado, colocando desafios significativos para a extrapolação de dados geofísicos em profundidade”, referiram os autores do estudo russo.

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