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Ryanair acusa TAP de bloquear ‘slots’ na Portela: “Não gostam de concorrência”

O CEO da multinacional de ‘low cost’ acusa a TAP de “deliberadamente” bloqueiar ‘slots’ no aeroporto da Portela que não vai usar. Michael O’Leary apela que Governo e a Comissão Europeia intervenham no desbloqueio destes lugares. “Estão a prejudicar a economia do país”, atirou.
Cristina Bernardo
24 Agosto 2021, 10h25

O CEO da Ryanair voltou a apelar que o Governo inaugure o aeroporto do Montijo e desbloqueie o slots no aeroporto da Portela, argumentando que a empresa agora detida pelo Executivo de António Costa está a acumular slots e “impedir a concorrência e recuperação” do país e do sector da aviação.

Durante uma conferência de imprensa, esta terça-feira, em Lisboa, Michael O’Leary acusou o Governo e a TAP de “slot blocking” (bloquear slots, tradução livre para português), uma vez que a companhia aérea anunciou um corte de 50% na sua frota e consequentemente uma redução de 20% dos seus espaços de autorização para aterrar e descolar num dado horário.

“Eles [TAP] não os vão usar porque reduziram a sua frota. Com estes slots podemos criar mais empregos, trazer mais passageiros e promover a concorrência entre as companhias aéreas”, afirmou o CEO. “A TAP bloqueia deliberadamente slots que não vão usar e isso impede que nós cresçamos”, frisou, argumentando ainda que TAP apenas desbloqueia estes espaços não utilizados “com um pré-aviso de duas a quatro semanas”. Ou seja, “apenas desbloqueiam faixas horárias de forma semanal  para evitar que outras companhias aéreas as utilizem de crescer”, rematou.

Embora reconheça que a TAP “não está a fazer nada de ilegal”, alerta que esta estratégia é prejudicial para a economia portuguesa, uma vez que a empresa está “a bloquear cerca de 300 voos”. Face a esta situação, o dirigente irlandês apelou que o Governo e a Comissão Europeia intervenham na situação.

Segundo a companhia aérea com sede em Dublin, a transportadora portuguesa, que opera atualmente 50% da sua capacidade, apenas desbloqueia faixas horárias de forma semanal para evitar que outras companhias aéreas as utilizem para crescer. O’Leary argumenta que há 500 slots por semana que estão por usar por parte da TAP, e a Ryanair ficaria satisfeita com 200. Com essas autorizações, defendeu, viria também novo investimento, com mais aviões e empregos.

“O Governo português não tem noção deste bloqueio. Só tem noção que desviam milhões de euros que poderiam ir para escolas e hospitais em Portugal. Usam milhares de milhões de euros dos contribuintes e é dinheiro que vai pela sanita a baixo”, atirou, fazendo referência aos três mil milhões de euros que o Governo pretende injetar para fomentar a recuperação da TAP.

O anúncio chega em linha com o investimento de 300 milhões de dólares (cerca de 255 milhões de euros) em Portugal a partir deste inverno. Esse investimento traduzir-se-à na inauguração de 26 novas rotas desde Lisboa, Porto e Faro através de três novas aeronaves para um total de sete. Segundo a responsável, estes novos aviões irão “impulsionar a recuperação pós-Covid”.

Apesar deste investimento expressivo, Michael O’Leary admite que seria possível, no entanto, crescer ainda mais. “A TAP não tem inteções de usar aqueles slots porque reduziram a frota e o número de voos”, rematou.

Durante a sua intervenção, o irlandês aproveitou para relembrar que o Governo continua a impedir a inauguração do novo aeroporto do Montijo. “Porque é que o aeroporto não está aberto?”, questionou. “Porque é que continuam a atrasar a abertura?”, acrescentou, acusando o Governo de impedir a criação de novos empregos, novas rotas e aeronaves — não só da Ryanair, como das restantes companhias aéreas que operam em Portugal.

(Notícia atualizada às 11h33 com mais informações)

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