Respondendo à pergunta formulada no título de forma simples: não. Falamos frequentemente de poupança e da urgência de termos aquilo a que muitos apelidam de ter “um pé-de-meia”, no entanto, pouco nos perguntamos qual a finalidade. Afinal, porque devemos então poupar? Quais devem ser as nossas motivações? Devo poupar a curto, médio e longo-prazo?
Em primeiro lugar, é essencial entender que a poupança serve para dar resposta a algumas despesas esperadas, e já antecipadas, para as podermos enfrentar com maior segurança. Contudo, serve igualmente para fazer face a situações inesperadas, resultando num menor impacto na saúde financeira dos agregados familiares.
Quanto às motivações, podem ser muitas – desde estabelecer uma poupança para a reforma, para a educação ou para realizar determinados objetivos, como fazer aquela viagem de sonho, casar, entre outros projetos.
Posto isto, a poupança pode ter horizontes temporais muito diversos em função do seu objetivo, mas é de esperar que, no caso particular da reforma, seja geralmente aquela que tem uma perspetiva temporal mais longa, seguida da poupança para fazer face às despesas de educação dos filhos.
Por outro lado, permite contrariar imprevistos exigindo, por isso, que a sua constituição seja feita por um período mais curto e com maior liquidez, para responder rapidamente às necessidades impostas no momento.
Ora, perante objetivos tão diversos e com prazos tão variáveis é indispensável ajustar o risco aos objetivos da poupança e ao seu horizonte temporal. E como podemos fazê-lo?
Geralmente aplicando as poupanças em produtos com maior exposição a ativos financeiros com maior risco – por exemplo ações –, mas também com maior potencial de rentabilidade, quando o período para poupar é mais longo e permite capitalizar os períodos de maior instabilidade e insegurança económica. E, complementarmente, tendo o cuidado de apostar em poupanças de produtos financeiros mais conservadores quando o prazo de investimento é mais incerto e a necessidade de liquidez é maior.
Pelo que, consoante as necessidades tão diversas, deve recorrer-se a diferentes produtos financeiros; as Seguradoras estão particularmente focadas nas poupanças de médio e longo prazo oferecendo, por exemplo, diferentes Planos Poupança Reforma (PPR) dirigidos aos mais jovens e, potencialmente mais disponíveis para maior exposição ao risco, ou para pessoas mais perto da idade da reforma e com perfil mais conservador.
Todavia, a oferta no mercado já é muito variada, proporcionando muitos produtos para a poupança que se distinguem entre si em função das diferentes preocupações de cada pessoa. Desde seguros financeiros, que também podem incluir coberturas para proteger a família com um capital adicional em caso de morte ou, ainda, unit linked abertos que permitem fazer pequenas entregas de valores mensais para ir acumulando numa reserva que financie despesas de educação ou, por exemplo, ajude na entrada para a compra de uma casa.
Atualmente, temos um mundo de soluções dirigidas à poupança, no entanto, é fundamental saber como fazê-lo e porquê. Num futuro não muito distante, a pensão da Segurança Social representará menos de 50% do último salário. É imprescindível o bom planeamento.
O desafio? Não é apenas individual ou das famílias, é de todos. Estado, Governo, Empresas e Companhias de seguros. Todos têm um papel. Falámos do presente e do futuro, e da urgência de poupar ao longo do tempo. O Cristiano Ronaldo costuma dizer que o seu melhor golo é o próximo. O melhor dia para começar, para quem não poupa, foi ontem.