O dicionário define as cidades como sendo “áreas densamente povoadas que contêm zonas residenciais, comerciais e industriais e onde existe uma concentração de habitantes, caracterizando-se por espaços amplos onde ocorrem relações e fenómenos sociais, culturais e económicos”. Neste sentido, e partindo desta definição, parece consensual reconhecer que as cidades e as suas características diferem entre continentes, entre países e até entre regiões dentro de um país.
Estima-se que até 2050 a população seja mais densa e mais idosa. Estima-se ainda que, em pouco mais de 25 anos, a população mundial atinja 9,8 mil milhões de habitantes, prevendo-se, também, que a esperança média de vida da população aumente. Mas como acomodaremos todas estas mudanças nas nossas cidades? Como se espera que sejam as cidades do futuro?
No futuro, as cidades poderão assemelhar-se a aldeias que possam ser percorridas a pé, tal como acontecia em meados do século XX. E isso inclui os subúrbios atuais, que demonstram um interesse renovado pelos princípios urbanos tradicionais da mobilidade pedonal. Calcula-se, assim, que muitos dos subúrbios irão evoluir para áreas autónomas super urbanizáveis.
Posto isto, a utilização de automóveis deverá diminuir, havendo a implementação de veículos autónomos e outras tecnologias disruptivas, dando lugar, por exemplo, ao automóvel voador autónomo, passando este da ficção à realidade. E, antes disso, é possível que a propriedade automóvel venha a mudar radicalmente: em vez da aquisição de veículos, as pessoas passarão a andar em automóveis partilhados e também autónomos, ou seja, haverá uma utilização comunitária mais intensiva e generalizada.
Também a arquitetura sofrerá mudanças nos próximos anos, sendo de esperar menos edifícios de utilização única. Os atuais edifícios de escritórios irão transitar para bairros verticais capazes de acolher quatro ou mais utilizações em cada edifício. Ao nível do comércio, este encontra-se atualmente em transformação, mas a existência de serviços de entrega de drones num futuro próximo é, também, uma forte possibilidade.
O aumento populacional exigirá reinvestimentos nas atuais infraestruturas, nomeadamente a eletricidade, o saneamento, as telecomunicações, etc.. As infraestruturas deverão evoluir para se tornarem mais eficientes, flexíveis e descentralizadas, mas cada vez mais dotadas de consciência verde e sustentável, dado o atual e irreversível aquecimento global que espoletou grande parte das alterações climáticas.
Hoje em dia, milhares de casas já produzem a sua própria energia através da energia solar. Um aspeto atrativo para os proprietários e que ajuda a descentralizar a já retrógrada rede elétrica, que os especialistas confirmam ser sensível a ataques cibernéticos. Esta descentralização permitiria uma economia de recursos energéticos, assim como traria benefícios ambientais significativos na construção de novas centrais elétricas.
E as contínuas melhorias na eficiência da energia solar tornariam as cidades mais atrativas, tendo presente a nossa dependência tecnológica, nomeadamente de aparelhos que vivem de carregamentos energéticos diários. Também se supõe para breve uma revolução no campo das baterias, com duração muito superior e carregamentos ultra rápidos.
As melhorias na recolha de águas terão certamente impactos positivos semelhantes nos sistemas de saneamento, por exemplo. Nesse sentido, serão ainda necessários novos investimentos nas infraestruturas para fornecer água potável e melhor saneamento.
Apesar de não termos uma bola de cristal que nos permita transportar ao ano de 2050 para adivinharmos como irão as nossas cidades acomodar-se às mudanças populacionais, existem pistas nesse sentido que apontam para a redução do impacto ambiental e para o desfrutar de uma enriquecida qualidade de vida. Espera-se, portanto, no futuro, que as mudanças com mais impacto passem por um trânsito de alta capacidade que reduza as emissões e que acelere os tempos de deslocação.
A par destas mutações técnicas e tecnológicas, será necessário desenhar as cidades de outra forma, a par da utilização de veículos ‘públicos’. Novas cidades trarão, literalmente, novos cidadãos. Mudar é dar um salto para o futuro. Vamos a isso!