Um ano após a deteção do primeiro caso de Covid-19 na China, a propagação atinge proporções gigantescas e inimagináveis: perto de 100 milhões de infetados e dois milhões de mortos em todo o mundo.

Em Portugal, os últimos dias e primeiros de 2021 têm sido dramáticos. Confirmaram-se perto de cem mil novos casos e registaram-se mais de 1.300 vítimas mortais. Somos o 4.º país do mundo com maior média de novos casos por milhão de habitantes – apenas três países no mundo, República da Irlanda, República Checa e Reino Unido, tiveram números superiores por população e Portugal ficou até acima de países como EUA, Itália ou França – e o 7.º país no mundo com mais vítimas mortais da pandemia por população.

O aumento vertiginoso do número de mortes coloca-nos perante um drama sem paralelo e obriga-nos a perguntar o que tem falhado no combate pandémico nos últimos meses. Estamos no pior momento da Covid-19 em Portugal e é urgente controlar esta maldita pandemia de uma vez por todas, mas o Governo tem de mudar drástica e radicalmente a sua estratégia, num momento em que se aplicam novas medidas de confinamento geral severo, com um horizonte de um mês.

A ordem é para voltar a ficar em casa, com medidas muito idênticas às que vigoraram em março e abril do ano passado. Ou seja, o isolamento das famílias, a proibição da convivência social, os limites nas deslocações, o encerramento de empresas e as limitações ao crescimento da economia. Tornou-se inevitável o período de quarentena obrigatória para quebrar ciclos de contágio e evitar uma propagação (ainda mais) rápida e alargada.

Mas, na verdade, as pessoas e a economia não aguentam mais estes sucessivos confinamentos e desconfinamentos. E é aqui que reside um dos principais problemas: a falta de apoio expressivo à economia, continuando o Governo a anunciar medidas avulso, pouco ou quase nada a fundo perdido, apenas linhas de crédito com garantia pública e moratórias bancárias e fiscais a pagar no futuro, quando os anúncios de apoio de espanhóis, franceses, americanos e ingleses são muito mais ambiciosos e musculados, perante a esperada depressão económica mundial, onde Portugal estará muito mais exposto.

O momento é de investir, sem reservas ou impedimentos, na saúde, na economia, no emprego, nas pessoas. É um trabalho hercúleo que o Governo, com poderes agora reforçados e meios financeiros da bazuca europeia, tem pela frente para combater este inimigo sem rosto nem piedade. E pouco pode queixar-se da oposição, que assume um papel colaborante nesta batalha contra a Covid-19, em especial do PSD, que tem evidenciado um elevado sentido de Estado. Temos de estar forçosamente juntos nesta luta pela sobrevivência, mas assim não: muito, mas muito mais podia e tem de ser feito.