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Sam Altman esclarece que a OpenAI não quer um bailout depois do Governo recusar qualquer resgate

“Acreditamos que os governos não devem escolher vencedores ou vencidos, e que os contribuintes não devem resgatar empresas que tomam más decisões comerciais ou que perdem no mercado. Se uma empresa falhar, outras farão um bom trabalho”, escreveu Sam Altman na rede X.
8 Novembro 2025, 07h59

O CEO da OpenAI, Sam Altman, esclareceu na rede X que a empresa não está à procura de um resgate governamental (bailout) para os seus planos de expansão massiva de data centers.

Este esclarecimento surge após declarações feitas no início da semana pela administradora financeira da OpenAI, Sarah Friar, que foram interpretadas como um pedido de garantias de empréstimos do governo para ajudar a financiar o crescimento das infraestruturas da empresa.

“Não acho que o governo deva emitir apólices de seguro para as empresas de IA”, garantiu o CEO da OpenAI.

Perante a notícia que a OpenAI solicitou aos EUA a expansão do crédito fiscal da Lei Chips para Data Centers, Altman veio dizer que a OpenAI discutiu garantias de empréstimo governamentais para fábricas de chips, não para data centers.

Na rede X eram difundidos retratos do CEO da OpenAI com a legenda “Too Big to Fail” e o conselheiro de inteligência artificial (IA) de Donald Trump, David Sacks, declarou ontem, que não haverá qualquer resgate federal para a indústria de IA.

Sam Altman entretanto num longo comunicado respondeu na rede X.  “Não temos, nem queremos, uma garantia governamental para os centros de dados da OpenAI”, salientou o CEO que defende que o governo não deve “resgatar empresas falidas com dinheiro dos contribuintes”.

“Acreditamos que os governos não devem escolher vencedores ou vencidos, e que os contribuintes não devem resgatar empresas que tomam más decisões comerciais ou que perdem no mercado. Se uma empresa falhar, outras farão um bom trabalho”, escreveu Sam Altman.

O CEO da OpenAI continuou: “O que acreditamos que faria sentido é que os governos construíssem (e possuíssem) a sua própria infraestrutura de IA, mas os benefícios disso também deveriam ser para o governo. Podemos imaginar um mundo onde os governos decidam adquirir grandes quantidades de poder computacional e decidam como utilizá-lo, e pode fazer sentido fornecer um custo de capital mais baixo para tal. Construir uma reserva nacional estratégica de poder computacional faz muito sentido. Mas isso deve ser para benefício do governo, não para benefício das empresas privadas”.

Sam Altman diz ainda que “a única área em que discutimos as garantias de empréstimos foi como parte do apoio à expansão das fábricas de semicondutores nos EUA, onde nós e outras empresas respondemos ao apelo do governo e onde teríamos todo o prazer em ajudar (embora não tenhamos feito um pedido formal)”.

“A ideia básica é garantir que o fornecimento da cadeia de fornecimento de chips seja o mais americano possível, de forma a trazer empregos e industrialização de volta para os EUA e fortalecer a posição estratégica do país com uma cadeia de fornecimento independente, para o benefício de todas as empresas americanas. Isto é, obviamente, diferente dos governos que garantem a construção de data centers para benefício privado”, sublinhou.

Há pelo menos três questões subjacentes que, compreensivelmente, causam preocupação, admite o CEO da OpenAI.

A primeira é como é que a OpenAI vai pagar toda esta infraestrutura para a qual se está a comprometer? Sam Altman responde dizendo que “esperamos fechar este ano com uma receita anualizada acima dos 20 mil milhões de dólares e crescer para centenas de mil milhões até 2030. Estamos a prever compromissos de cerca de 1,4 triliões de dólares nos próximos 8 anos. Obviamente, isto exige um crescimento contínuo da receita, e cada duplicação representa muito trabalho! Mas estamos optimistas quanto às nossas perspectivas; estamos bastante entusiasmados com a nossa futura oferta para as empresas, por exemplo, e existem categorias como os novos dispositivos de consumo e a robótica que também esperamos que sejam muito significativas. Mas também existem novas categorias sobre as quais temos dificuldade em definir detalhes específicos, como a IA que pode realizar descobertas científicas, que abordaremos mais à frente”.

O CEO da OpenAI adianta que “estamos também a procurar formas de vender capacidade computacional mais diretamente a outras empresas (e pessoas); temos quase a certeza de que o mundo precisará de muita ‘nuvem de IA’, e estamos entusiasmados por oferecer isso. Podemos também captar mais capital próprio ou de terceiros no futuro. Mas tudo o que vemos atualmente sugere que o mundo precisará de muito mais poder computacional do que aquele que já estamos a planear”.

A segunda preocupação é a OpenAI está a tentar tornar-se demasiado grande para falir, e o governo deve escolher vencedores e vencidos? “A nossa resposta a isto é um inequívoco não. Se errarmos e não conseguirmos corrigir, devemos falir, e outras empresas continuarão a fazer um bom trabalho e a servir os clientes. É assim que funciona o capitalismo, e o ecossistema e a economia ficariam bem. Planeamos ser uma empresa extremamente bem-sucedida, mas se errarmos, a responsabilidade será nossa”, frisou.

A terceira preocupação: porque é que precisam de gastar tanto agora, em vez de crescerem mais lentamente? Na resposta o responsável da dona do ChatGPT disse que “estamos a tentar construir a infraestrutura para uma economia futura alimentada pela IA e, considerando tudo o que vemos no horizonte no nosso programa de investigação, este é o momento de investir para realmente expandir a nossa tecnologia. Os projetos de infraestruturas massivos levam bastante tempo a serem construídos, por isso precisamos de começar agora”.

“Com base nas tendências que estamos a observar sobre a forma como as pessoas estão a utilizar a IA e o quanto gostariam de a utilizar, acreditamos que o risco para a OpenAI de não ter poder computacional suficiente é mais significativo e mais provável do que o risco de ter poder computacional em excesso. Mesmo hoje, nós e outros precisamos de limitar a taxa de lançamento dos nossos produtos e não oferecer novas características e modelos devido às severas restrições de poder computacional que enfrentamos”, referiu.

“Num mundo onde a IA pode gerar importantes avanços científicos, mas à custa de enormes quantidades de poder computacional, queremos estar preparados para esse momento e já não acreditamos que isso esteja num futuro distante”, disse o CEO da OpenAI.

“A nossa missão exige que façamos o nosso melhor para não esperar muitos anos para aplicar a IA a problemas complexos, como contribuir para a cura de doenças mortais, e para levar os benefícios da IAG (Inteligência Artificial Geral) às pessoas o mais rapidamente possível. Além disso, queremos um mundo com IA abundante e acessível. Esperamos uma procura massiva por esta tecnologia e que melhore a vida das pessoas de diversas formas”, acrescentou.

Considera que “é um grande privilégio estar neste cenário e ter a convicção de investir na construção de infraestruturas a tal escala para algo tão importante. É essa a aposta que estamos a fazer e, dada a nossa posição, estamos confiantes”.

“Mas, claro, podemos estar errados, e o mercado — e não o governo — tratará das consequências, caso estejamos”, concluiu.

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