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Santander lucra 295,6 milhões de euros, menos 43,9% com 188 milhões de imparidades

A afetar os resultados está a imparidade líquida, que ascendeu a -187,6 milhões de euros, do contexto Covid-19. O custo do risco de crédito subiu bastante face a 2019, passou de -0,02% para 0,45%. O ponto positivo foi a melhoria do rácio de malparado, que caiu de 3,2% para 2,6%.
  • Cristina Bernardo
5 Março 2021, 12h54

No final de 2020, o resultado líquido da Santander Totta SGPS ascendeu a 295,6 milhões de euros, uma redução homóloga de 43,9%. Este resultado inclui um encargo extraordinário, o valor de 46,2 milhões de euros (líquido de impostos), registado no quarto trimestre, pelo que o resultado líquido recorrente ascendeu a 341,8 milhões de euros (-35,2%), anuncia o banco.

A rentabilidade caiu de 12,7% em dezembro de 2019 para 6,9% em dezembro de 2020.

A afetar os resultados está a imparidade líquida de ativos financeiros ao custo amortizado, que ascendeu a -187,6 milhões de euros, “refletindo a incorporação da componente forward looking do cenário macroeconómico mais adverso, como patente nas diferentes projeções realizadas por instituições nacionais e internacionais”. Em 2019 as imparidades tinham sido 39,9 milhões de euros.

O custo do risco de crédito subiu bastante face a 2019, passando de -0,02% para 0,45%.

Diz o Banco Santander Totta que esta evolução “reflete um reforço preventivo, na medida em que a qualidade creditícia permanece sólida, materializada numa redução do rácio de NPE (Non Performing Exposure) para 2,6%”.

O rácio de cobertura de malparado por imparidades subiu para 66,8%.

As provisões líquidas e outros resultados incluem as contribuições para o Fundo de Garantia de Depósitos e Fundos de Resolução, nacional e único, e que anteriormente eram contabilizados em outros resultados da atividade bancária.

Na conta de resultados, o produto bancário atingiu 1.317,7 milhões de euros, o que corresponde a um decréscimo homólogo de 4,3%, e os custos operacionais diminuíram, no mesmo período, 4,5%, totalizando 577,2 milhões de euros, pelo que o resultado de exploração registou um decréscimo de 4,2%, e o rácio de eficiência estabilizou em 43,8%.

A margem financeira ascendeu a 786,6 milhões de euros, o que traduz uma diminuição de 8,1% face ao período homólogo. “Esta evolução é fruto, essencialmente, da redução dos spreads do crédito, por contexto concorrencial ainda elevado, da descida das taxas de juro de curto prazo, da diminuição da procura de crédito por empresas fora do âmbito das linhas com garantia do Estado, e ainda da gestão da carteira de dívida pública”.

Já as comissões líquidas ascenderam a 373,2 milhões de euros, decrescendo 1,9% face a dezembro de 2019, apesar da recuperação ocorrida no segundo semestre do ano, e em especial, no quarto trimestre de 2020, com crescimentos de 8,2% em relação ao trimestre anterior e de 5,1% face ao trimestre homólogo de 2019, revela a instituição.

“A dinâmica anual refletiu os efeitos da pandemia, ao nível das comissões de meios de pagamento, que foram mais pronunciadas no segundo trimestre do ano”, detalha o banco em comunicado.

Os outros resultados da atividade bancária diminuíram 15,7% e os resultados da atividade de seguros, no montante de 17,2 milhões de euros, registaram um decréscimo de 20,5%, fruto da cedência de uma carteira a ex-Eurovida à Aegon Santander Seguros.

Os resultados em operações financeiras ascenderam a 114,7 milhões de euros, subindo 20,5% em termos homólogos, diz o banco sem detalhar.

Por outro lado, os custos operacionais diminuíram 4,5% em comparação com o valor registado em 2019, refletindo a redução em 6,2% dos custos com pessoal e em 4% dos gastos gerais. As amortizações, por seu lado, cresceram 5,6% face ao período homólogo.

O rácio de eficiência situou-se em 43,8% em linha com o valor registado no período homólogo (-0,1 pontos percentuais), revela o banco.

O resultado antes de impostos e interesses minoritários ascendeu a 405,0 milhões de euros, correspondendo a uma redução homóloga de 45,3%.

Já no balanço, no final de 2020, a carteira de crédito do banco atingiu 42,7 mil milhões de euros, subindo 6,8% face ao período homólogo, “refletindo não só a aplicação de moratórias ao crédito a famílias e empresas como também a elevada produção de linhas de crédito de apoio à economia, no contexto da crise sanitária que vivemos, bem como os ritmos sustentados de nova originação de crédito hipotecário”. O crédito à habitação ascendeu a 20,7 mil milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 5,2% em termos homólogos, e o crédito ao consumo, no montante de 1,7 mil milhões de euros, registou um decréscimo de 1,5% em relação a dezembro de 2019, “refletindo a redução da despesa discricionária das famílias”.

No final do dezembro, as moratórias, legal e privada, abrangiam  87 mil clientes, no montante global de 8,6 mil milhões de euros de crédito (21% da carteira total).

As quotas de mercado de novos empréstimos de crédito a empresas e habitação situaram-se em 18,4% e 24,1%, respetivamente.

O crédito a empresas atingiu 16,4 mil milhões de euros, o que representou uma subida anual de 6,7%, associada às linhas protocoladas, incluindo as linhas criadas no âmbito da pandemia Covid-19.

Já no âmbito das linhas de crédito com garantia do Estado, destinadas a mitigar os efeitos da pandemia, o Banco já aprovou um conjunto de operações no montante de cerca de 1,6 mil milhões de euros.

Os recursos de clientes totalizaram 43,3 mil milhões de euros, o que significa um aumento de 1,9% face ao mesmo período do ano passado. Evolução determinada pelo aumento de 2,3% em depósitos. Por seu turno, o total dos fundos de investimento geridos ou comercializados pelo banco e dos seguros e outros recursos diminuíram 0,4%, em parte refletindo a própria dinâmica dos mercados financeiros subjacentes, explica o banco.

O número de clientes digitais aumentou 20% em relação ao período homólogo, atingindo 930 mil.

O rácio CET 1 (fully implemented) foi de 20,6%, um acréscimo de 5,6 pp em relação a dezembro de 2019.

O banco reduziu em 208 o número de colaboradores em 2020, para 5.980. O número de agências caiu 62 para 443.

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