A desaceleração do crescimento da produtividade nos países desenvolvidos é um fator de interesse e preocupação dos macroeconomistas em todo o mundo. Mais recentemente, com a maior acessibilidade de dados a uma micro escala, o foco em perceber as dinâmicas ao nível das empresas tem vido a aumentar. Existe um grande interesse entre a comunidade científica em perceber quais são exatamente os determinantes da produtividade e quais os fatores que podem fazer a diferença no desenvolvimento empresarial.

Em Portugal, existe uma estagnação na produtividade do trabalho que começou por volta dos anos 90. A crise de 2011 agravou a situação, com uma grande parte das empresas altamente endividadas e investimentos maioritariamente aplicados em setores pouco produtivos ou competitivos. Além disso, as baixas qualificações dos trabalhadores, uma alta segmentação no mercado de trabalho, a fraca gestão de algumas empresas e os baixos níveis de investimento em investigação e desenvolvimento são também fatores que contribuem para a atual degradação da produtividade no país.

Estes dados são preocupantes e divergem do que acontece numa grande parte dos países da União Europeia, que exibem um crescimento na produtividade do trabalho lento mas ainda assim positivo.

A potencial relação entre produtividade e exportação assenta em duas ideias principais. A primeira é o facto de empresas mais produtivas terem uma maior capacidade para exportar e vender os seus produtos em países além do seu país de origem. A segunda é a de que as empresas conseguem aumentar os seus níveis de produtividade após se tornarem exportadoras, uma vez que maiores níveis de competição no mercado internacional as forçam a melhorar o seu funcionamento. Foi com base nestas premissas que surgiu a ideia para um projeto de investigação sobre o impacto da exportação na produtividade das empresas em Portugal.

O projeto, desenvolvido por um grupo de alunos do Nova Economics Club em parceria com o Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças, cobre todas as empresas portuguesas entre 2010 e 2018 através de dados provenientes da Informação Empresarial Simplificada (IES), uma declaração anual obrigatória preenchida por todas as empresas e empresários com informação fiscal e contabilística relativa à sua atividade durante o ano.

Utilizando o valor acrescentado bruto por trabalhador como medida de produtividade, a principal conclusão obtida é que empresas exportadoras apresentam maiores níveis de produtividade do que empresas não exportadoras. Curiosamente, a quantidade exportada não acrescenta nenhum efeito adicional na produtividade, ou seja, empresas que exportam maiores quantidades não aparentam ter um aumento substancial de produtividade comparadas com que empresas que exportam em menor quantidade.

Em termos de política pública, estes resultados apontam para a necessidade de implementar políticas que incentivem as empresas a exportar e a investir em projetos de investigação e desenvolvimento, de modo a fortalecer o tecido empresarial e tornar Portugal num país mais competitivo a nível internacional.

Para pesquisa futura, será ainda relevante fazer uma análise detalhada por setor de atividade, uma vez que os determinantes da produtividade podem variar consoante o setor específico em análise.