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Schroders: “Educar os investidores e quem faz as políticas”

A literacia financeira está na ordem do dia em todos os mercados. Sheila Nicoll, Head of Public Policy na Schroders, afirmou na conferência anual da gestora que “é preciso educar os investidores e também os que fazem as políticas sobre investimento”.
18 Novembro 2018, 13h00

O tema é crítico numa altura em que os temas disruptivos como a demografia e o aumento da esperança de vida colocam em causa as respostas públicas ao nível das reformas. A gestora salientou que o binómio risk/reward traduz-se para o aforrador médio no receio de perder dinheiro e esse é um tema que apenas se resolve com a educação para o longo prazo. Lesley Ann Morgan, Global Head of Retirement da mesma gestora, criticou a opção que Bruxelas pondera e que vai no sentido de criar uma garantia de capital ao nível dos fundos de pensões europeus.

“Isso significa que não haverá um bom produto” para os aforradores “quando se quer minimizar os riscos de volatilidade”. Nicoll recorda que em Bruxelas a ‘buzz word’ está na sustentabilidade e ainda que, em reação à politica de Trump, a tendência em focar os investimentos em temas diruptivos como as alterações climáticas, “mas os clientes estão focados em algo diferente e querem retorno”. Por outro lado, os asset managers “não vão resolver os problemas do mundo, precisam que os clientes e os reguladores “percebam os produtos”. Rupert Rucker, Head of Income na mesma gestora, elaborou um inquérito sobre o interesse dos aforradores e 87% das respostas centraram-se no retorno. “Essa é a necessidade e o ‘income’ é para pagar as contas e ter rendimentos para o futuro”, afirma.

Rucker é peremptório ao dizer que “as duas últimas gerações não tinham responsabilidade sobre o capital que investiam, consideram que este estava protegido mas esse cenário foi-se. Os investidores têm de assumir maior responsabilidade e podem diversificar para novas soluções mas sempre com responsabilidade própria”. E lembrou que perante um cenário contínuo e taxas de juro baixas impostas pelo BCE e pela política monetária do QE, os bancos não querem depósitos e não precisam de fundos”.

Lesley Morgan lembrou o crescimento das aplicações em capital fora do sistema financeiro e um cenário e mercado de capitais mais complexo e onde o aforrador tem de aprender a suportar a volatilidade. Rucker lembrou ainda um novo tempo em que os bancos cobram comissões para manter os depósitos e nas apostas em equity com um tempo mínimo de permanência, refere aquele gestor, e que não pode ser inferior a cinco anos. E há que perceber, refere, que “quando o investidor vende está a cristalizar o risco”. Nicoll falou de uma alteração estrutural quando se pensa em investimento e em reforma porque aquilo que é preciso aprender não é apenas o termo volatilidade, mas também o efeito no “life cycle” e só dessa forma é possível entrar em novos temas como as alterações climáticas e procurar dentro das empresas as oportunidades.

E quando se fala em ambiente disruptivo, Andrew Oxlade, Head of Editorial Content na Schroders, refere que evitar a subida da temperatura média do planeta em dois graus centígrados e desta forma evitar um impacto catastrófico sobre a economia mundial, significa cortar 60% das emissões de CO2 nos próximos 30 a 35 anos. E recorda que numa primeira análise, cerca de 5% das companhias globais vão beneficiar com as alterações climáticas e 90% ficarão numa situação crítica. “Os gestores vão ter de perceber o valor das empresas e as implicações das várias opções nos investimentos”, concluiu.

* o jornalista viajou a convite da Schroders

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