Somos um povo curioso e, talvez por isso, a nossa música seja o Fado. Somos o povo do queixume, permanentemente insatisfeito e povoado por descrentes Velhos do Restelo.

Vem isto muito a propósito da actual conjuntura económica. Em traços largos, e usando as mais recentes projecções da Comissão Europeia, normalmente mais conservadoras do que a realidade, os números são os eguintes:

– Crecimento real da economia em linha com a média da União Europeia, em torno dos 2,3% previsto para este ano e de 2,0% em 2019. Três anos consecutivos de crescimento acima dos 2,0%;

– Défice público de 0,9%, em 2018, e de 0,6%, em 2019. Três anos consecutivos de novos mínimos e os valores mais baixos desde 1974;

– Taxa de desemprego nos 7,7%, este ano, e de 6,8% no próximo. Se levarmos em conta que o desemprego estrutural anda pelos 2%, é um valor muito bom. E o terceiro ano consecutivo de quebra;

– Dívida pública em 122,5% do PIB, em 2018, e nos 119,5%, em 2019. Dois anos de baixa, depois de uma década em que os valores dispararam;

– Balança de Transacções Correntes positiva em 0,6% do PIB, neste e no próximo ano. Contas externas superavitárias. Mais uma excelente notícia.

Não interessa discutir o mérito ou o demérito do Governo nesta senda de sucesso. Nem garantir que este Governo herdou o bom trabalho do anterior. Nem, tão pouco, assegurar que os bons resultados são fruto de uma conjuntura internacional favorável e que este Governo teve sorte.

Tudo isso não interessa. É como discutir se Portugal mereceu, ou não, ser campeão europeu de futebol, se o golo que deu a vitória ao Benfica foi marcado em fora-de-jogo, ou não, se o penálti que favoreceu o Porto, foi real ou inventado. O que interessa, no final, é o resultado. Os “ses” podem animar acalorados debates, mas não alteram o bom resultado e, no que toca à condução da economia, o resultado é francamente bom.

Se cá nevasse, fazia-se cá ski. Mas não neva, e ainda bem, porque é também graças ao sol e à praia, que é como quem diz ao turismo, que as coisas estão a correr tão bem.