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“Seguirei os mesmos princípios”. Estes serão os desafios de Lagarde no FMI

Apesar de abraçar o legado de Draghi, Lagarde salientou também que será necessário o BCE ir mais longe, em articulação com outras autoridades nacionais e internacionais, porque estão a surgir novas questões globais às quais o banco central tem de dar resposta.
1 Novembro 2019, 09h00

Na audição no Parlamento Europeu, no início de setembro, a agora presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, elogiou as opções tomadas por Mario Draghi, cujo mandato ficou marcado pelas introdução de políticas monetárias não convencionais para combater a crise da Zona Euro.

Christine Lagarde, escolhida para suceder ao italiano, elencou na altura um conjunto de princípios que defende para a política monetária, e destacou a “agilidade e o comprometimento” que considera terem sido essenciais na resposta de Draghi à turbulência económica da última década.

“O BCE teve de se adaptar aos novos desafios que enfrentava” e “teve de ser inovador no conjunto de ferramentas de política, dentro dos limites estabelecidos pela lei”, frisou. Para Lagarde, foi “precisamente essa agilidade” que permitiu ao banco central atuar adequadamente em circunstâncias que mudavam rapidamente. “Sem isso, a crise teria sido muito pior”, sublinhou.

A sucessora de Draghi garantiu depois que seguirá os princípios patentes no mandato do italiano, até porque os “desafios” que se colocam à política monetária europeia “não desapareceram”: “Se for confirmada como Presidente, basear-me-ei nos mesmos princípios sólidos: combinando um compromisso sólido com o mandato do BCE com a agilidade de adaptação à medida que o mundo à nossa volta muda”, disse Lagarde na altura.

A presidente indigitada do BCE referiu então que defende a manutenção da política de juros baixos por um “período prolongado”, de forma a trazer a inflação de volta ao patamar de referência do BCE: inferior, mas próximo de 2%.

Políticas e instrumentos orçamentais têm de estar disponíveis

Apesar de abraçar o legado de Draghi, Lagarde salientou também que será necessário o BCE ir mais longe, em articulação com outras autoridades nacionais e internacionais, porque estão a surgir novas questões globais às quais o banco central tem de dar resposta.

A presidente do BCE defende e necessidade de completar a união bancária e de capitais para que haja uma maior partilha de risco na Europa. E, quando muitos economistas e analistas estão a alertar para o risco de uma nova recessão global, a antiga direta geral do FMI alertou que a os bancos centrais “não atuam num vácuo” e que as políticas monetárias têm de ser articuladas com políticas orçamentais adequadas, a nível dos Estados-membros e da União Europeia.

As políticas orçamentais, disse, “têm de estar disponíveis para estabilizar as nossas economias” quando há desacelerações económicas, para “evitar sobrecarregar a política monetária”. Lagarde defendeu maior “coordenação orçamental”, “regras simplificadas” e um instrumento orçamental “significativo” na Zona Euro para atuar em tempos de crise.

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