[weglot_switcher]

Seguradores: “Maioria dos riscos referidos na questão são percebidos pelos gestores”, sublinha Aon Portugal

Há novos e emergentes riscos para os seguradores. O cyber insurance é um deles e apenas as empresas de maior dimensão ou com o maior desenvolvimento tecnológico estão sensíveis para as estas matérias. O testemunho de João Mendonça, Chief Commercial Officer da Aon Portugal.
3 Novembro 2018, 16h30

 

Estão as empresas portuguesas conscientes da necessidade de proteger as empresas e os negócios em termos de risco global, caso do cyber risk, do risco de mercado e cotações, do risco de intempéries e sinistros catastróficos ou até do risco de ausência de mão-de-obra devido ao envelhecimento da população?

A grande maioria dos riscos referidos na questão são percebidos pelos gestores das empresas, tal como o demonstram os resultados do Global Risk Management Survey que conduzimos de dois em dois anos junto dos gestores de empresas nossas clientes. Esse estudo produziu resultados transversais em termos de geografias, mas também exclusivamente reportados a Portugal o que verificamos é que existe um elevado grau de alinhamento, com alguns ajustamentos decorrentes de condicionantes geográficos e de sectores de atividade. Verificamos ainda que quando pedimos a outros gestores Portugueses para comentar os resultados obtidos no estudo a validação é consistente. Já em matéria da sua gestão, a diversidade de comportamentos é maior…
A(o) seguradora/broker está apta(o) a responder às necessidades das empresas em termos de risk management? Quais os produtos que pode oferecer?

A Aon é por definição e vocação uma empresa focada em contribuir com soluções de “risk management”. Apesar de existirem produtos para a gestão de riscos específicos, o nosso papel-chave está na consultoria de gestão de risco da empresa. Essa consultoria começa pela identificação dos riscos, daí se decidindo em conjunto com a empresa estratégias para a sua gestão, eventualmente com recurso à utilização de produtos de transferência. No segmento de clientes em que operamos é pouco comum e provavelmente pouco recomendável a existência de soluções “chave na mão”.

Quais as áreas e atividade/negócio onde existe maior recetividade a nível de gestão de risco?

Todas as atividades têm riscos muitos em comum e alguns específicos de cada atividade/sector/empresa. Como atrás referido, por regra as empresas com as quais contactamos têm noção da sua existência e de que é importante a sua gestão. Cabe-nos e fazemo-lo muitas vezes  o papel de ir mais além e “tangibilizar” o impacto potencial de medidas de gestão de risco para a redução da volatilidade dos resultados da empresa e defesa do seu balanço, ou seja, medir o custo total do risco na empresa.

 

Os gestores têm suficiente literacia para perceber a necessidade imediata de cobertura em termos de enterprise risk management?

A expressão ERM traduz um conceito amplo de medidas de gestão e transferência de risco de forma sistematizada e estruturada. Por regra os gestores são conhecedores do conceito, mas, embora exista uma crescente procura e atenção até porque o mundo e a economia apresentam riscos cada vez mais complexos ainda não é tão comum vê-lo implementado na sua plenitude. É mais comum a existência de medidas de gestão e transferência de risco avulsas, em maior ou menor extensão dos riscos da empresa.

 

O que explica a ainda fraca penetração deste tipo de seguros no mercado nacional?

A implementação do ERM requer consultores capacitados para o fazer e são ainda em número reduzido – e perceção completa das empresas para a sua utilidade, que é crescente. É frequente a Aon fazer este tipo de trabalho de consultoria com empresas que não são suas clientes em outras áreas de gestão de risco ou de gestão dos seguros.

 

A sua empresa está em condições para montar e gerir uma cativa para um cliente final? Que tipo de cliente pode vir a deter uma cativa?

Sim, a Aon é um operador de referência mundial nesta área de soluções, quer de cativas, quer células de cativas. Com a designação no meio profissional de “cativa” omitiu-se progressivamente a designação completa, que é “seguradora cativa” ou “resseguradora cativa”, o que diz muito acerca de um dos principais fatores que determinam o tipo de cliente ao qual se adeque a implementação de um veículo desta natureza, uma vez que se trata em muitos aspetos de uma seguradora ou resseguradora: escala (menor, no caso de uma célula de cativa) e compromisso de médio/longo prazo são fundamentais. Necessidades específicas de soluções menos disponíveis no mercado podem também ser fator que determina uma operação desta natureza.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.