Dentro de partidos como o PS e PSD deve viver-se um certo estado de ansiedade pela incerteza na noite do próximo 10 de março. Uma incerteza incrível porque vários cenários se colocam no caminho de ambos, quer porque podem formar governo quer porque podem pôr fim às recentes lideranças.

Muita coisa está em jogo.

Esta reflexão é sobre liderança e não tanto sobre política porque, na essência, os líderes partidários tendem a esquecer-se de que se candidatam a um cargo nacional para servir todos os cidadãos. Todos.

Os líderes dos partidos com forte possibilidade de formar governo, como o PS e PSD, devem ter uma sensibilidade nacional, isto é, ter presente que uma vez eleitos serão o primeiro-ministro de um Governo para todos os cidadãos.

Não é um formalismo, é um desígnio.

Da mesma forma que um candidato a Presidente da República, uma vez eleito, quererá ser um líder para servir a República, enquanto candidato deve adotar uma postura que integre todos os cidadãos numa sociedade democrática e aberta a todas as culturas, religiões, etnias e até sensível às transformações humanitárias.

O mesmo ocorre com a segunda figura da hierarquia do Estado, o Presidente da Assembleia da República, que lidera os trabalhos entre os deputados representantes do povo e suas convicções.

Com os candidatos a primeiro-ministro deveria ocorrer o mesmo. Após as eleições podem ter de formar acordos, coligações, entendimentos de caráter parlamentar que permitam governar o país. O primeiro-ministro deve governar servindo o país e todos os cidadãos pelo que a sua postura antes do escrutínio deve ter isso em conta.

Quando um candidato a primeiro-ministro diz que não faz nenhum acordo de Governo com um determinado partido, está, por razões meramente ideológicas, a discriminar e excluir da decisão democrática uma série de pessoas. A palavra dada a pergunta colocada sobre uma eventual coligação, não deveria ser NÃO mas sim TALVEZ.

“Talvez faça coligações pós-eleições com esse partido, para garantir a formação de um Governo, se até lá esse partido adotar um comportamento equilibrado e com sentido de Estado. Um comportamento que não seja radical, não incite à convulsão social e que a sua irreverência seja apenas sobre o estado das coisas.”

Portugal precisa de fazer diferente, deve deixar de “navegar em águas paradas” e de se esconder no politicamente correto, para ousar fazer reformas com sério apoio parlamentar. E para isso deve eleger um primeiro-ministro que lidere essa integração, que seja um aglutinador e não um demarcador de pessoas e iniciativas.

Bem sei que um partido político e seu nº 1, querem usar as eleições para se afirmarem no panorama nacional, mas servir o país é mais que uma afirmação partidária. Trata-se da liderança de um povo e por isso, um candidato a primeiro-ministro deve ser visto como um líder, desde logo isso.