A Europa vive tempos dramáticos. Percebe-se pelas últimas propostas, relativamente à Ucrânia e à adoção da Inteligência Artificial, que Trump não quer saber da Europa.

Prestes a sofrer a maior humilhação de sempre, a Europa acena com os seus 415 milhões de consumidores como fonte de negociação. Só que a Europa não tem muito para oferecer a não ser estilo de vida, pois nem paz e segurança consegue garantir!

A proposta de paz na Europa prevê que os EUA recebam 500 mil milhões de euros em metais raros, pagando toda a ajuda que a Ucrânia obteve, com juros, que a Ucrânia abdique dos territórios invadidos pela Rússia e que a maior parte do apoio à reconstrução, estimado em três biliões de euros, onze vezes a riqueza de Portugal, ou 20% do PIB da Zona Euro, seja suportado pelos europeus.

Ou seja, nesta proposta os EUA são remunerados pela sua “ajuda”, a Rússia fica com territórios adicionais e a Europa paga a reconstrução da Ucrânia, paga pela sua proteção contra as pretensões russas, é obrigada a gastar mais em defesa, até cerca de 5% do PIB, e tem de se resignar por ter ficado sem a energia barata russa da qual dependeu tanto tempo.

O cenário que se desenha é uma catástrofe europeia. Ora, se os governos não têm dinheiro para investir em infraestruturas, e registam défices, é pertinente perguntar onde irá a Europa arranjar esse dinheiro. A solução será impostos ou redução do nível de vida.

Este é o resultado de anos da gestão das freguesias na Europa, da política e da pouca visão para o futuro. A utopia foi atropelada pela realidade.

Não é só em Portugal que todos querem ser Presidentes de Junta e batalham por mais Freguesias. Esta necessidade de poder local corrói o projeto europeu e a união necessária para podermos garantir aos cidadãos a sua proteção sem depender de ninguém, nem mesmo dos amigos. Os amigos estão lá para ajudar, mas depender deles é uma loucura.

Simultaneamente, a Comissão Europeia lançou a Bússola para a Competitividade e compromete-se a investir 200 mil milhões de euros em Inteligência Artificial. Este conjunto de ambições ficará por isso mesmo, tendo em conta o atual modelo de governação europeia e inflexibilidade dos países do bloco em abdicarem do seu poder para um órgão de verdadeira gestão europeia.

Basta lembrar que nem sequer foi possível alcançar um consenso quanto a um acordo relativamente à Inteligência Artificial.

Os próximos meses serão, pois, determinantes para o futuro. Para percebermos se seremos uma freguesia dos EUA ou se a Europa conseguirá afirmar-se no palco internacional, apostando na desburocratização, nos incentivos à iniciativa privada e no desenvolvimento da indústria europeia, que acabe definitivamente com esta paralisia económica.