Tudo indica que sim, que vem aí uma nova recessão. E porquê? Porque todos os indicadores vão no sentido de um abrandamento económico a nível global.

A possibilidade de uma nova recessão tem sido tema de debate entre economistas, analistas financeiros e investidores. Existem alguns sinais e fatores que são analisados para prever uma recessão, mas é importante notar que prever uma recessão com precisão é sempre um desafio.

É verdade que o cenário está longe de ser animador, mas o mês de julho até trouxe bons retornos para vários investidores. Para além do ouro, que vem acumulando ganhos e que no último ano teve um crescimento de 26%, os investidores em ações americanas (S&P 500) ou em Bitcoin também não se podem queixar dos desempenhos positivos no mês passado.

Porém, os indicadores mais preocupantes são a queda do petróleo, a guerra da Rússia na Ucrânia, os problemas na Venezuela, uma retaliação do Irão a Israel e toda a instabilidade vivida no Médio Oriente.

Não faz sentido que o preço do barril de petróleo esteja a cair quando o contexto de instabilidade no Médio Oriente e na Venezuela é o que é. O mercado devia reagir ao contrário e fazer subir o preço. A razão para a descida é simples: a economia mundial está a abrandar e isso reduz as necessidades de petróleo a nível global.

É muito preocupante a situação no Médio Oriente. A retaliação do Irão a Israel nos próximos dias ou nas próximas horas pode intensificar, ainda mais, a tensão na região. A Rússia e a China condenaram a morte do líder do Hamas, enquanto os EUA reafirmaram o seu apoio a Israel em caso de retaliação do irão.

Na Europa, o PIB da Alemanha contraiu no segundo trimestre, o Banco de Inglaterra reduziu os juros e França, que acolhe os Jogos Olímpicos, teve um crescimento “tímido” do PIB de apenas 0,3% até ao mês de junho.

O rápido arrefecimento do mercado de trabalho nos Estados Unidos da América (EUA), atestado na passada sexta-feira no relatório da folha de pagamentos dos setores não-agrícolas, o famoso “payroll”, aumentou a possibilidade de a Reserva Federal americana não só iniciar o ciclo de corte de juros em setembro, mas também praticar uma redução maior que a prevista anteriormente. Economistas e analistas de mercado já começam a acionar alertas de uma possível recessão nos EUA.

Os problemas na economia chinesa são conhecidos e, a cada mês que passa, mais uma grande empresa chinesa abre falência. Em suma, a desaceleração no crescimento económico global, especialmente nas principais economias, como os EUA, China e União Europeia, pode ser um sinal de alerta. Aliás, as previsões do Fundo Monetário Internacional para 2024 indicam um crescimento moderado, mas desigual entre regiões.

Todos os fatores geopolíticos globais referidos e a crescente fragmentação geoeconómica, podem aumentar a volatilidade económica global. A previsão do World Economic Forum é de que as restrições comerciais e o aumento do protecionismo afetem o crescimento económico global.