Em Lisboa e Porto, as vitórias dos presidentes incumbentes – Fernando Medina (PS) e Rui Moreira (independente, apoiado por CDS-PP e MPT), respetivamente – parecem estar seguras, mas as sondagens apontam para a possibilidade de não alcançarem maiorias absolutas (sobretudo no Porto, onde há projeções muito díspares). Se Medina e Moreira ganharem sem maioria absoluta, as atenções vão centrar-se na governabilidade dos executivos minoritários, conferindo uma grande importância à distribuição dos restantes vereadores por cada partido.
Em Lisboa, Medina terá que negociar com a CDU e/ou o BE, dada a manifesta incompatibilidade com Assunção Cristas (CDS-PP/MPT/PPM) e Teresa Leal Coelho (PSD). No Porto, o cenário será mais complexo: depois de romper o acordo com o PS, que lhe permitiu governar a Câmara Municipal do Porto (CMP) com maioria absoluta nos últimos quatro anos, Moreira está isolado, sem alternativas de coligação (PSD, CDU e BE não estarão dispostos a preencher esse vazio político).
Outro resultado fundamental será a disputa pelo segundo lugar em Lisboa, opondo Cristas a Leal Coelho. Se o CDS-PP conseguir ultrapassar o PSD na capital, pela primeira vez desde 1976, esse feito terá um grande significado político para as respetivas lideranças: consolidando a posição de Cristas no CDS-PP e aumentando a pressão sobre Pedro Passos Coelho, líder do PSD que se prepara para enfrentar Rui Rio em eleições internas.
Em Coimbra, Sintra e Funchal, o PSD tem algumas hipóteses de recuperar o poder, destronando presidentes apoiados pelo PS (no caso do Funchal, em coligação com BE, JPP, PDR e NC, sob a liderança do independente Paulo Cafôfo). Sobretudo em Coimbra, onde a última sondagem colocava o incumbente Manuel Machado (PS) quase empatado com o desafiador Jaime Ramos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM), dentro da margem de erro: 31,3% contra 28,1% das intenções de voto.
Quanto a Sintra, Basílio Horta (PS) mantém uma vantagem confortável (mais 12% das intenções de voto na última sondagem) em relação a Marco Almeida (PSD/CDS-PP), mas tem vindo a decrescer ao longo da campanha eleitoral. No Funchal, Cafôfo parece encaminhar-se para a reeleição, embora a vantagem em relação a Rubina Leal (PSD) não seja conclusiva (mais 12% das intenções de voto na última sondagem). Importante recordar que, nas eleições autárquicas de 2013, tanto Horta (em Sintra) como Cafôfo (no Funchal) venceram por margens reduzidas: 1,4% e 6,8%, respetivamente.
Ora, se o PSD voltar a fracassar nestes três municípios (onde está mais próximo da liderança nas intenções de voto), em conjugação com as derrotas anunciadas em Lisboa, Porto, Oeiras, Vila Nova de Gaia, entre outros, muito dificilmente conseguirá anular a distância de 44 presidências de câmaras municipais (104/150) que o separa do PS desde 2013. Ou seja, o PS continuará na presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e será novamente o claro vencedor das eleições autárquicas.
Os resultados de Loures e Évora, por sua vez, serão relevantes por diferentes motivos. No que respeita a Loures, além da manutenção de um bastião do PCP, está em causa a estratégia do PSD (caucionada pelo seu líder) de apoiar um candidato manifestamente populista, André Ventura, cujas declarações racistas e promessas securitárias foram aplaudidas pelo PNR. Relativamente a Évora, outro bastião do PCP, o enfoque está na possibilidade de o PS retirar o poder aos comunistas (separados por 9,5% das intenções de voto na última sondagem). As perdas diretas do PCP para o PS nas eleições autárquicas poderão ter repercussões políticas ao nível nacional, levando os comunistas a refletirem sobre as vantagens/desvantagens de apoiarem o atual Governo do PS. Nesse sentido, Évora será um importante prenúncio.
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