O mercado residencial em Portugal registou um total de 150 mil casas vendidas, correspondente a um volume de 30 mil milhões de euros em 2024, o que significou um aumento face às 136 mil habitações transacionadas e um volume de 28 mil milhões de euros no ano de 2023, de acordo com os dados da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), divulgados esta quarta-feira.
Das 150 mil casas vendidas, 90% corresponderam a imóveis usados, com 93% dos compradores a serem portugueses e 7% clientes internacionais, sendo que mais de 50% não pertencem à União Europeia. Em termos de valores por m2, Lisboa atingiu no último ano o preço médio de 4.800 euros, com o ticket médio de compra dos estrangeiros a situar-se nos 550 mil euros.
“Os preços das casas vão continuar a aumentar, porque somos incapazes de trazer para o mercado a procura que continua dinâmica. Temos que aumentar o número de fogos para licenciamento e construção”, referiu Paulo Caiado, presidente da associação, durante um debate sobre o setor da habitação com a imprensa.
Outro dos principais fatores para uma não descida dos preços deve-se aos materiais de construção que continuam com valores elevados a que se junta a falta de mão-de-obra, com a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) a estimar um défice de 90 mil trabalhadores na construção civil no país.
“Neste momento Portugal tem capacidade para construir 20 mil casas ano. É muito pouco provável que em qualquer zona do país se possam edificar casas a menos de 2.600 euros/m2. Isto não é uma casa acessível”, afirma Paulo Caiado, que defende a construção de casas a custos controlados assente em três pilares: isenção fiscal sobre a construção, património do Estado alocado para habitação e o Estado a exigir que essas casas têm de ir para o mercado a preços controlados.
O presidente da APEMIP salienta que todos os impostos que incidem sobre a construção para casas a custos controlados deviam ter isenção fiscal, sendo que quem compra essas casas seriam pessoas que teriam de reunir condições para aceder, para que desta forma não resultem preços especulativos.
“Para termos casas a preços mais baixos não há outro caminho. A mão-de-obra não vai estar mais barata, os materiais não vão estar para venda numa Black Friday“, sublinha.
Por sua vez, Patrícia Barão, vice-presidente da APEMIP destaca que a demografia é um problema que tem vindo a agravar também o setor da habitação, devido ao envelhecimento e decréscimo da população portuguesa e ao facto de existirem cada vez mais famílias, mas com menos elementos.
“Tudo indica que vamos continuar a ter fatores para uma dinâmica de procura a crescer e, quando se procura mudar de casa, surgem os ‘três D’: desemprego, divórcio e doença. Numa família são completamente fraturantes naquilo que é uma mudança de casa”, salienta a responsável.
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