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“Shutdown” pressiona ações e impulsiona ouro e obrigações

Wall Street habituou-se a estes dramas políticos em Washington sem impactos relevantes nos preços dos ativos, mas desta vez pode ser diferente, uma vez que pode acentuar a debilidade do mercado de trabalho com o despedimento temporário de milhares de funcionários públicos. Leia aqui a análise da research unit da BA&N.
30 Setembro 2025, 09h20

As ações europeias estão a reverter os ganhos de ontem, numa sessão que está a ser marcada por um novo máximo histórico no ouro e descida das yields das obrigações a nível global perante a ameaça de paralisação do governo norte-americano e anúncio de novas tarifas de Trump.

As negociações de ontem para evitar um “shutdown” nos Estados Unidos foram infrutíferas e o vice-presidente revelou que a paralisação deve ser mesmo uma realidade a partir de amanhã. Wall Street habituou-se a estes dramas políticos em Washington sem impactos relevantes nos preços dos ativos,
mas desta vez pode ser diferente, uma vez que pode acentuar a debilidade do mercado de trabalho com o despedimento temporário de milhares de funcionários públicos.

Acresce que o instituto responsável pela publicação dos dados do emprego já revelou que um “shutdown” vai impedir a divulgação do relatório previsto para sexta-feira, deixando o mercado às es
curas sobre o indicador mais aguardado desta semana.

Esta incerteza reflete-se sobretudo na evolução do ouro, que já atingiu um novo máximo histórico esta manhã nos 3.865 dólares. O metal precioso já acumula um impressionante ganho de 47% este ano, o mais acentuado desde 1979, que reflete também as tensões geopolíticas e a política comercial dos Estados Unidos.

Trump avançou ontem com tarifas sobre madeira, armários de cozinha e artigos de casa de banho, tendo ameaçado taxas de 100% sobre filmes produzidos fora dos EUA. A euforia com a alta do ouro é visível na estreia em bolsa de uma empresa chinesa do setor, que protagonizou o maior IPO global desde maio com uma valorização de 66% em Hong Kong.

Em sentido inverso, o petróleo mantém a tendência negativa depois de ontem ter cedido mais de 3%, em reação às notícias de que a OPEP+ vai anunciar um novo aumento de produção para novembro.

O alívio das pressões inflacionistas e a instabilidade política em Washington está a contribuir para um alívio das yields das obrigações a nível global. A taxa dos títulos a 10 anos dos EUA baixa hoje para 4,13% depois de ontem ter cedido 4 pontos base, sendo que o movimento de baixa foi generalizado a todas as maturidades.

Na Europa a tendência também é de valorização das obrigações, com a yield dos títulos da Alemanha a 10 anos a recuar para 2,7%. Os investidores estão atentos aos dados da inflação em vários países da Zona Euro, para avaliar se o BCE continua com argumentos para manter os juros na reunião este mês.

O movimento de descida nas ações é pouco pronunciado e os índices negoceiam perto de máximos no
final de um mês que era temido por habitualmente ser marcado por variações negativas. O Stoxx600 valoriza 0,7% em setembro, no terceiro mês consecutivo de ganhos ligeiros para o índice europeu. O S&P500 regista um desempenho bem superior, com uma subida de 3,1% em setembro, no quinto mês consecutivo em alta. O índice avança mais de 7% no terceiro trimestre, sendo já o sétimo em oito que termina com saldo positivo.

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