Arranca esta sexta-feira a época de resultados do mercado acionista norte-americano. É sempre um momento de reality check para os investidores, no qual confrontam as expetativas que têm vindo a construir ao longo dos últimos três meses com a realidade operacional corrente das empresas.
Os resultados são importantes para qualquer ação individualmente, mas existem sempre setores que estão sob particular atenção em determinada época.

Desta vez é o sector tecnológico. O Nasdaq 100 – o principal índice tecnológico norte-americano – segue com ganhos de mais de 15% no ano, em grande parte impulsionado pelas gigantes do setor.

A Amazon avançou 32% em 2017, a Alphabet (detentora da Google) 20%, a Apple 25%, a Facebook 35% e a Microsoft 13%. São desempenhos invejáveis que foram motivados em parte pelo bom desenrolar do negócio de cada um destes grupos, mas também por um crescente optimismo em relação ao futuro.

Numa óptica de longo prazo, o otimismo parece justificado. Estes grupos têm sido os principais responsáveis pelas grandes inovações tecnológicas dos últimos 20 anos e tudo indica que estes vão continuar a liderar o futuro tecnológico.

A próxima grande revolução para o consumidor vai ser a da mobilidade e a maior parte destes grupos investem em projetos de mapeamento, de condução autónoma, de logística inteligente, em sensores para automóveis, na comunicação entre dispositivos e itinerários, entre outras áreas de relevo neste âmbito.

Se aplicações como a Uber ou a Cabify são convenientes, imagine-se se esses serviços estiverem disponíveis a um preço mais baixo, com uma oferta mais abundante e que abranja vários tipos de transporte (a maioria deles sem condutor). Este é o futuro que estes grupos estão a construir, e que muito provavelmente será uma realidade antes de 2030.

Dito isto, algumas vezes os investidores entregam demasiado do seu dinheiro àquilo que vai acontecer na próxima década.

Não quer dizer que estejam errados, mas têm de ter noção que certos investimentos só vão trazer retorno daqui a algum tempo e que, entretanto, vão ter que digerir algumas flutuações das ações em que investiram.

A apresentação de resultados funciona por vezes como um lembrete do quão longe algumas destas realidades ainda estão e motivam algum reposicionamento para investimentos que entreguem mais retorno no presente.

Ressalvando sempre que não existem certezas absolutas no mercado, nesta divulgação de resultados, as probabilidades parecem estar contra o setor tecnológico.