O termo foi inventado na Inglaterra mas rapidamente se espalhou a todo o mundo com mais ou menos o mesmo significado. Este pretendia criar uma imagem de um período em que as instituições entravam em período de férias e as pessoas se dedicavam a tarefas de lazer e “glamour”, dando primazia à diversão em detrimento da obrigação.
Tratando-se de um período de férias a situação foi aceite como normal, tendo-se mantido até aos dias de hoje o uso da expressão, com mais ou menos atualidade. No entanto, este verão a “Silly Season” parece estar a dar lugar à “Season do Silly” (em português seria a estação dos tolos!), que se espalhou a toda a Europa.
Em Portugal, para além da tolice “normal” a que os nossos políticos já nos habituaram e que por isso mesmo “desculpamos” com um encolher de ombros, não de compreensão mas de desinteresse e de aborrecimento, temos a “tolice do dia” que foi a divulgação da brilhante ideia de Passos Coelho, que abriu as portas ao, não menos brilhante, acordo entre a Grécia e os restantes países da União Europeia. É pena que a magia de tirar um coelho da cartola não funcione na governação do país, mas parece que as cartolas são demasiado pequenas para o Passos, que também é Coelho, tirar lá de dentro qualquer tipo de supressa agradável, seja ou não com a aparência de animal, de preferência doméstico porque para selvajaria (económica) já basta a dos últimos (des) governos!
Pela Europa fora repetem-se as tolices (ou será que são os políticos a fazer de nós tolos?).
Na Grécia, temos um governante que fez frente ao resto da União Europeia, submetendo a celebração de um acordo com os seus credores a um referendo para, logo em seguida e perante um resultado eleitoral que reforçava a sua posição, ignorar esse mesmo resultado e assinar um acordo ainda mais duro para o país. O senhor Tsípras, se não é tolo, andou a fazer toda a gente de tola (será que é muito pior e ele nem sequer tem a desculpa de ser tolo?).
Se viajarmos um pouco mais para ocidente, temos um senhor que está preocupado em manter a coesão da UE, começando por sugerir a criação de mais uma cisão dentro desta (será que ele sabe a diferença entre coesão e cisão?). É a famosa Europa a duas velocidades! Esta teoria faz-me lembrar o idiota (desculpem o tolo) que queria fazer com que as vinte carruagens de um comboio não distassem da respetiva locomotiva mais do que a distância equivalente a dez carruagens. Como isso não era possível, resolveu colocar, na mesma linha, duas locomotivas, sendo que cada uma puxaria dez carruagens. O resultado foi que, ao fim de algum tempo, os conjuntos de carruagens perderam o contacto entre si. Elementar, Senhor Holande!
Um pouco mais para oriente e para norte, temos uma senhora que desmaiou e caiu da cadeira, o que vale é que, ao lado dela, não estava o seu ministro das finanças, senão ainda iam pensar que ele a tinha empurrado e que as divergências entre eles eram mesmo a sério e não apenas para fazer de nós tolos e mostrar que a Sra. Merkel está tão determinada a manter a UE unida que até confronta o todo-poderoso Wolfgang (por favor nada de brincar a decompor o nome dele nas palavras Wolf (lobo) e gang (quadrilha)). Talvez um dia a história faça justiça e mostre de forma verdadeira o quanto os alemães ganham com a existência da UE e que, em grande parte, é à custa do endividamento dos parceiros que a sua economia cresce e gera excedentes. Já pensaram o que aconteceria se eles ganhassem menos? Talvez os parceiros pagassem menos, em juros e capital. Isso sim. Isso seria uma verdadeira UNIÃO EUROPEIA.
Conclusão, está aberta a estação do tolo e a tolice está na moda!
Enquanto uns fingem, assinando acordos cujos resultados são impossíveis, sendo isso do seu perfeito conhecimento (os tolos dos políticos), outros fingem que acreditam nisso e vão tirando partido da situação em jogadas de investimento especulativas (os grandes investidores, que não são nada tolos!) e os restantes vão vivendo na ignorância, com mais ou menos fingimento, mas sobretudo com uma grande indiferença o que faz deles (todos nós) os maiores tolos de todos!
Manuel Mota
Economista