Embora sem grande fundamentação teórica, há sinais que nos permitem antecipar a tendência de evolução da conjuntura económica. São sinais informais que, juntamente com os chamados indicadores avançados (licenças de construção, encomendas das empresas, etc.), nos permitem antever o que aí vêm.

O número de guindastes numa cidade, por exemplo, comprova o estado do sector da construção civil, como uma multidão de turistas revela um bom momento do turismo. E o número de vezes que ouvimos falar de bolha especulativa é um excelente indicador de que os preços de um determinado activo estão acima do seu valor real de mercado. Ou, dito de outra forma, um alerta de que a bolha está prestes a rebentar.

Quando um turista francês se queixa de que não consegue comprar uma casa em Lisboa ou no Algarve, apesar de ter um rendimento médio duas vezes e meia superior ao de um residente português, é porque há uma bolha no mercado da habitação. E as bolhas acabam sempre por rebentar.

Quando nos cafés e nos táxis se comenta que Portugal está cheio de turistas, é porque há uma bolha no turismo, que entusiasmou o sector e levou, nos últimos anos, os particulares a investirem em casas para vender ou alugar a turistas e os investidores a multiplicarem a oferta de hotéis, resorts, restaurantes, bares, discotecas e rooftops. Ora, as bolhas acabam sempre por rebentar.

E o certo é que a procura de casas por cidadãos estrangeiros foi um dos principais factores que alimentaram a bolha do imobiliário.

O que levou à enchente de turistas no sul da Europa foram a Primavera Árabe e a instabilidade e os atentados, que afastaram da Tunísia, Argélia, Egipto ou Turquia, quatro importantes destinos turísticos para os europeus, quem procura um local sossegado para passar as suas férias de Verão.

Estes quatro destinos voltaram este ano ao mercado e o efeito já se nota em Portugal. No Algarve, no Douro, no Alentejo ou na Região Oeste, houve este ano muito mais portugueses de férias, por efeito do fim da crise, que disfarçaram a quebra de turistas não espanhóis.

Quanto à habitação, os preços já estão a corrigir em baixa.

Daqui a uns meses, quando as taxas de ocupação e o número de dormidas nos hotéis e alojamentos locais forem conhecidas, quando os valores do arrendamento forem divulgados, quando as receitas do turismo forem contabilizadas, veremos que o mercado já está a corrigir os excessos e que o turismo e o imobiliário já estão a desacelerar.

Resta esperar para ver se será um soft landing ou o rebentar das bolhas.