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Sindicato dos Enfermeiros defende controlo das cadeias de transmissão e plano para idosos

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou esta sexta-feira que um novo confinamento para travar o aumento de infeções por Covid-19 só é suficiente caso exista um controlo das cadeias de transmissão e um plano de apoio aos idosos.
30 Outubro 2020, 19h14

“Por mais medidas que restrinjam liberdades de circulação ou de contacto, elas serão sempre insuficientes se não houver um perfeito controlo das cadeias de transmissão, porque é isso que dinamiza o aumento de novos casos, e se não existirem medidas sobre os idosos”, defendeu José Carlos Martins, presidente do SEP, à saída de uma audiência com o Presidente da República.

Em declarações aos jornalistas, o sindicalista argumentou que “só confinar não é suficiente”.

Assim, o SEP defende um plano para apoiar os idosos que todos os anos, e sobretudo durante o inverno, vão com frequência às urgências, muitas vezes acabando por ser internados em enfermarias ou nos cuidados intensivos.

Segundo José Carlos Martins, o plano defendido consiste em admitir mais enfermeiros para as unidades de cuidados na comunidade que funcionam junto dos centros de saúde. O objetivo é, através de visitas regulares a estes idosos, acompanhá-los permanentemente, evitando deslocações às urgências.

O sindicalista afirmou ainda que “há um enorme défice de resposta” aos cerca de 3,5 milhões de idosos que não vivem nos lares.

O presidente do SEP defendeu ainda junto de Marcelo Rebelo de Sousa um reforço das unidades de saúde pública responsáveis pelos inquéritos epidemiológicos, destacando esta como uma questão determinante para travar o aumento dos casos.

“Hoje há muita dificuldade, fruto do défice e da carência de recursos humanos, do acompanhamento das cadeias de transmissão. Devia haver uma admissão imediata de pessoas qualificadas com programas de formação intensivo para realizarem os inquéritos epidemiológicos”, disse, acrescentando ainda que este trabalho pode ser feito por outros profissionais, visto que não se tratam de atividades de vigilância clínica.

A audiência de José Carlos Martins decorreu no âmbito de uma ronda que o Presidente da República está a realizar sobre o desenvolvimento da pandemia de Covid-19 em Portugal, falando com várias personalidades ligadas ao setor da Saúde e setor social. Nesta iniciativa foram já ouvidos ex-ministros, ordens profissionais, sindicatos e associações.

Segundo José Carlos Martins, atualmente o contacto a uma pessoa que tenha estado nas proximidades de um infetado pode demorar até 10 dias, apesar das normas que recomendam que seja até 48 horas.

O sindicalista apelou ainda ao Governo que inicie o processo de regulamentação dos sistemas locais de saúde e a sua implementação no terreno, uma medida prevista na nova lei de bases da saúde, de forma a permitir um funcionamento articulado do conjunto das entidades locais para responder localmente.

Portugal ultrapassou esta sexta-feira todos os recordes desde o início da pandemia de Covid-19, registando 40 mortos, 4.656 casos confirmados de infeção e 1.927 doentes internados, 275 dos quais em cuidados intensivos, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o mais recente boletim epidemiológico da DGS, Portugal contabiliza 137.272 infeções confirmadas pelo novo coronavírus e 2.468 óbitos.

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