Dois sindicatos do grupo TAP denunciaram esta quarta-feira que os cortes salariais no âmbito do plano de reestruturação vão muito além da meta de 25% já anunciada publicamente.
Entre os pilotos da Portugália, transportadora aérea do grupo TAP, os cortes propostos atingem os 70% da massa salarial, denunciou o Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas (SIPLA) no Parlamento.
“O que nos foi apresentado pela administração do grupo e responsáveis do plano de reestruturação foi que seriam pedidos 25% de cortes na massa salarial aos pilotos, que as cláusulas do acordo de empresa seriam englobadas nesse corte”, começou por dizer o vogal da direção da SIPLA, Gustavo Florindo, esta quarta-feira, 27 de janeiro.
“Na realidade, o que nos foi apresentado foi um corte bastante superior, pelos nossos cálculos ultrapassa os 70% de redução”, afirmou o dirigente.
O responsável destacou que “os pilotos da Portugália têm um salario 20% abaixo do praticado dentro do grupo [TAP] e abaixo do praticado nas low cost europeias”.
Se avançarem, estes cortes vão provocar uma “ineficiência de produtividade” entre os pilotos da Portugália, que são cerca de 160.
Gustavo Florindo alertou para o “efeito nefasto causado pelo desaparecimento das condições mais básicas de acesso ao trabalho, da gestão emocional, força motivacional de grupo e de classe, e o mais importante a segurança de voo”.
Por sua vez, o Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) alertou que os cortes propostos no âmbito do plano de reestruturação podem atingir os 44%.
“As medidas de cortes a nível salarial, se fossem todos acolhidas, daria uma média de 44% de descontos”, disse Paulo Manso do SITEMA.
Ouvido esta quarta-feira na comissão parlamentar de economia, o responsável também denunciou a falta de pessoal suficiente para fazer a manutenção de aviões da TAP de forma responsável. “Chegamos a ter um técnico para dois aviões em simultâneo, não é nada seguro, não dá para manter este tipo de situação”.
Já o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) revelou que a TAP quer reduzir este ano a massa salarial do grupo em “70 milhões de euros”.
Henrique Martins disse na audição da comissão de economia no Parlamento que através das propostas apresentadas pelo SNPVAC “é possível chegar a essa meta e com isso evitar despedimentos”.
Durante a audição hoje na comissão de economia, a Plataforma de Sindicatos dos Trabalhadores de Terra do Grupo TAP disse que não existe nenhum negociação entre os sindicatos e a empresa. “Não participamos em momento algum no plano de reestruturação”.
“Negociar e tudo aquilo que a TAP não quer, pedimos a quantificação de medidas que a TAP nos propôs, e a TAP responde nos com margens entre 1 e 6 milhões, por exemplo”, disse André Teives esta quarta-feira no Parlamento.
Dando o exemplo dos cortes na massa salarial, André Teives sublinhou que, quando questionada, a TAP respondeu com um número que varia entre “seis e 18 milhões de euros”. “Não se consegue trabalhar assim, nem tão pouco chegar a um acordo”.
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