Pela primeira vez os sete sindicatos bancários uniram-se numa oposição aos planos de reestruturação anunciados pelos bancos. Já pediram uma audiência ao primeiro-ministro e vão avançar com uma manifestação geral do sector, cuja data deverá ser anunciada amanhã, sabe o Jornal Económico.
Todos os Sindicatos Bancários portugueses [SNQTB, MAIS Sindicato, SBN, SIB, SBC, STEC e SinTAF] estiveram reunidos ontem e acordaram “mostrar a sua indignação e manifestar a sua firme oposição quanto ao injustificado e desnecessário processo massivo de destruição de postos de trabalho num setor decisivo para o apoio aos portugueses, às empresas e à economia nacional, conforme foi, aliás, demonstrado pelos bancários, quando
a pandemia se encontrava na fase mais perigosa e exigente”.
Os sindicatos exigem, desde já, a tomada de um conjunto de medidas, tais como, “a suspensão imediata dos programas de redução de trabalhadores; e a substituição das Rescisões por Mútuo Acordo por Reformas Antecipadas e uma especial consideração nas situações de vulnerabilidade social”.
Os sindicatos exigem que “sejam consideradas todas as hipóteses de reconversão profissional, pois os trabalhadores bancários sempre mostraram total capacidade de adaptação num dos setores bancários mais avançados da Europa”.
Pedem ainda que “que todas as atividades realizadas em regime de outsourcing ou de trabalho temporário, sejam realizadas por bancários”.
Os Sindicatos solicitaram uma audiência ao Primeiro Ministro para apresentar “este conjunto de medidas e para apelar à sensibilização para uma contínua e acelerada erosão da classe média que afeta diretamente os mais de 60.000 bancários e suas famílias, conduzindo à evidente degradação das condições sociais e para o incremento da pobreza no nosso País”.
Mais do que isso, decidiram avançar com “uma manifestação, em data a anunciar brevemente, de todos os trabalhadores bancários, por forma a transmitir uma mensagem de indignação às Instituições Financeiras e Governativas, no sentido de deixar bem claro que estamos dispostos a defender os nossos postos de trabalho e a lutar pelos nossos direitos até às últimas consequências”.
Em comunicado, os sindicatos lembram que os “trabalhadores do setor bancário são atualmente confrontados com diversos processos de redução de postos de trabalho, implementados de forma massiva e sem precedentes, encontrando-se o direito constitucionalmente consagrado da segurança no emprego sob um ataque tão intenso, quanto impensável”.
Nesse quadro, “alguns Bancos têm implementado processos de reestruturação, a coberto dos quais vêm confrontando milhares de bancários com propostas de rescisão por mútuo acordo (RMA) ou reformas antecipadas, com especial enfoque para as RMA”.
Os sindicatos dizem que “conjugadamente com esta situação, tem vindo igualmente a vulgarizar-se a comunicação antecipada da implementação de medidas unilaterais, vulgo despedimentos coletivos, com prazo certo anunciado, ao arrepio do que a legislação laboral prevê, criando (ou visando criar) pânico e temor generalizado nos bancários, de forma a que desistam de lutar pelos seus direitos”.
O Santander e o BCP anunciaram planos de reestruturação que passam pela saída de pessoal. No Santander estão abrangidos 685 trabalhadores, e no BCP ligeiramente acima de 800.
O Banco Montepio foi o primeiro a anunciar um “plano alargado” para a saída de 800 trabalhadores, sendo que “o estatuto de empresa em reestruturação foi atribuído à Caixa Económica – Montepio Geral no período até setembro de 2023 e até ao limite de 400 trabalhadores, após análise por parte do Instituto da Segurança Social e do IAPMEI e após consulta aos parceiros sociais e à Associação Portuguesa de Bancos”.
Este ano o Negócios noticiou que a reestruturação do Banco Montepio está em curso e saíram quase 250 colaboradores em 2020, num período em que também foram encerrados mais de três dezenas de balcões.
Os sindicatos dos bancários defendem que o sector bancário português que tem um dos rácios mais eficientes da Europa, “com esta massiva eliminação de postos de trabalho, nomeadamente a redução entre 15% a 25% da
força de trabalho e o encerramento de mais de 15% da rede de agências, contribui para um desmantelamento de algumas atividades em Portugal e da capacidade instalada de apoio às populações e empresas”.
Em comunicado referem que “a atual situação é por demais lamentável, devido ao facto de existirem ameaças de
despedimento coletivo e de criar pressão nos trabalhadores, para tomarem uma decisão num curto espaço de tempo. Agravando a situação, estes processos decorrem durante o período habitual de férias e do evidente recrudescimento da pandemia Covid-19″. Alertam ainda que “simultaneamente, para os trabalhadores e para os reformados, os Bancos, que agora regressam aos lucros, propõem o congelamento da tabela salarial e das pensões de reforma, no âmbito da negociação coletiva”.
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