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Sindicatos reúnem hoje com presidente do Montepio. Na agenda está saída de 800 trabalhadores

Sindicatos dos bancários receberam com surpresa a notícia de uma eventual dispensa de centenas de trabalhadores. E falam que “será algo de uma magnitude nunca vista na Europa”. Reúnem nesta quarta-feira, 23 de setembro, com a comissão executiva do Banco Montepio. Em cima da mesa está plano de reestruturação do banco que já será do conhecimento do Banco de Portugal.
23 Setembro 2020, 08h00

Os sindicatos dos bancários e a comissão de trabalhadores do Banco Montepio reúnem nesta quarta-feira, 23 de setembro, com a comissão executiva da instituição financeira liderada por Pedro Leitão, após notícias que deram conta de que em cima da mesa está um plano de reestruturação que prevê a saída de 800 trabalhadores, cerca 20% do pessoal, com um custo estimado de 80 milhões para o banco.

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), o Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e o Sindicato Independente da Banca (SIB) deram conta do encontro depois de o jornal ECO ter noticiado ontem que o Banco Montepio está a estudar redução da sua dimensão e prepara-se para pedir ao Governo a adesão um regime que facilita rescisões por mútuo acordo.

“O SNQTB, SBN, SIB e, tanto quanto julgamos saber, os restantes sindicatos, bem como a comissão de trabalhadores, foram convocados para uma reunião que terá lugar amanhã [23 de setembro], por meios telemáticos, com o presidente da comissão executiva do Banco Montepio, Pedro Leitão”, avançaram os sindicatos nesta terça-feira, 22 de setembro, deixando a nota da sua “estranheza face às notícias vindas a público, através da comunicação social, tendo em conta os valores humanistas da Associação Mutualista”.

“Reiteramos o compromisso com os nossos associados do Montepio de que não transigiremos na defesa dos seus direitos e, assim que haja informação relevante, disso daremos nota”, realçaram aqueles sindicatos, tendo o presidente do SNQTB afirmado à TSF que a saída de 800 trabalhadores do Montepio “será algo de uma magnitude nunca vista na Europa”.

Paulo Marcos sublinha que na semana passada receberam uma convocatória para uma reunião a realizar esta quarta-feira, 23 de setembro, com a comissão executiva do Montepio. “Imagine que nos vá contar alguma coisa mas [a notícia] ter surgido desta maneira é absolutamente lamentável”, afirma o presidente do SNQTB. Para Paulo Marcos, em vez de dispensar funcionários, o banco devia começar a questionar a quem dá créditos que causam prejuízo, considerando que é preciso perceber quem são os beneficiários efetivos desses créditos, pois ” uma só perda de um grande devedor é equivalente a vários anos de salários de todos os trabalhadores”.

Segundo o ECO, o Banco Montepio prepara-se para pedir ao Governo o estatuto de empresa em reestruturação. Com o recurso a esta medida excecional que está prevista na lei laboral, o banco da mutualista abre a porta a uma redução significativa de pessoal. Em causa está um pedido ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) do estatuto de empresa em reestruturação através do qual a instituição financeira procura flexibilizar a quota de que dispõe (em função da sua dimensão) para acordos com trabalhadores com vista a uma rescisão amigável, mantendo estes o direito ao subsídio de desemprego.

Ao ECO, o presidente do conselho de administração e o presidente da comissão executiva do Banco Montepio, Carlos Tavares e Pedro Leitão, respetivamente, responderam apenas que o banco que “está a ajustar processos e a estudar a sua dimensão, tal como foi partilhado com os colaboradores e as respetivas estruturas. Mas outras fontes asseguraram ao ECO que a administração do Banco Montepio já informou o Banco de Portugal deste plano de reestruturação.

Sindicatos preocupados com reduções de trabalhadores

Também o Mais Sindicato (ex-SBSI) e o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) acompanham a situação no setor, nomeadamente no Montepio e no Novo Banco – e, dizem, “não aceitam que a adaptação da banca seja conseguida apenas à custa do fator trabalho”.

“As muitas notícias vindas a público sobre a intenção de redução de quadros de pessoal no setor bancário têm deixado os Sindicatos preocupados, levando-os a agir na defesa dos postos de trabalho”, realçam em comunicado, dando conta de que não admitem que a adaptação das empresas, embora por vezes necessária para garantir a sua sustentabilidade, seja feita apenas à custa do fator trabalho.

“Os lucros da banca ao longo dos anos foram assegurados pelos seus trabalhadores, pelo que jamais admitirão que estes sejam os primeiros a serem penalizados”, acrescentam, sinalizando que não deixam de acompanhar cada caso concreto, obtendo esclarecimentos de qualquer empresa que implemente estratégias de redução dos seus efetivos.

“Estão a fazê-lo no Montepio Geral, como foi comunicado aos sócios, aguardando até final de setembro nova reunião com administração para obter informação destelhada sobre as suas pretensões”, concluem, manifestando ainda apreensão quanto a eventual redução de postos de trabalho no Novo Banco, onde, dizem, querem conhecer o plano que eventualmente a instituição pretenda implementar. “Nesse sentido, foi já solicitada à administração do Novo Banco uma reunião com caráter de urgência, aguardando-se a qualquer momento a sua realização”, rematam.

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