Com a rápida eletrificação, a procura por eletricidade irá duplicar até 2050: a flexibilidade energética será crucial, prevendo-se que iniciativas deste segmento aumentem 400% até esse ano, especialmente as soluções de armazenamento de energia. Os Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias (BESS) são essenciais, pois permitem armazenar energia, estabilizar a rede elétrica e facilitar a integração de renováveis.
Apesar da significativa promessa de crescimento, a sua rentabilidade depende de um conjunto de alavancas estratégicas, que os potenciais investidores deverão considerar:
• Certeza nas receitas: a volatilidade dos preços do gás afeta diretamente as receitas dos BESS. Para mitigar este desafio, os investidores devem incluir as dinâmicas de preço do gás nos seus planos de negócio, e capitalizar nas flutuações short term e nas variações entre os diferentes mercados europeus.
• Mecanismos regulatórios eficazes: os BESS enfrentam desafios de adequação de recursos para dar resposta a picos de procura, custos acrescidos para o consumidor final pelo aumento de preços de liquidação e inexistência de penalização para proteger a manutenção de um mecanismo de mercado eficiente. É necessária mais regulamentação para assegurar a eficácia do mercado de capacidade, garantindo maior previsibilidade nas receitas.
• Redução do CapEx: a natureza intensiva em capital, principalmente resultante do preço das células de baterias, faz com que o CapEx inicial necessário seja elevado. Para o reduzir, é crítico atingir economias de escala na produção upstream de células de baterias e na sua distribuição, mais investimento em gigafactories e subsídios governamentais.
• Análise de localização: os investidores deverão criar uma estratégia de localização para identificar os pontos nodais com maior constrangimento de rede, permitindo maximizar a possibilidade de carregamento e descarga dos BESS, aumentando a possibilidade de arbitragem e receitas.
• Conexão em escala e a tempo: o atraso na atribuição de permissões para o início da exploração de projetos de BESS impacta a sua rentabilidade para os investidores. A colaboração entre stakeholders e a implementação de modelos FIFO será essencial.
• Redefinição da cadeia de suprimentos: com um contributo da China de cerca de 75% para a cadeia de suprimentos global de lítio, existe vulnerabilidade que é agravada pela volatilidade do preço do lítio (aumento de15x nos últimos três anos). Estima-se que será necessário um investimento de US$169 mil milhões dos EUA e UE para localizar a cadeia até 2030, especialmente produção de baterias, refinação e processamento de metais críticos.
• Evolução na maturidade de novas tecnologias: avanços novas tecnologias irão aumentar a rentabilidade das fábricas de BESS, especialmente para armazenamento de longa duração, tais como a bateria de fluxo de vanádio; a emergência do hidrogénio enquanto veículo de armazenamento, devido à redução dos custos dos eletrolisadores, irá criar uma alternativa mais económica aos BESS.
Os modelos de negócio BESS enquanto tecnologia standalone atingiram um ponto de inflexão, tornando-se agora atrativo para potenciais investidores, mas há diversos desafios que deverão ser endereçados.
O estudo completo EY-Parthenon pode ser lido aqui.