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SITAVA critica administração da TAP por deixar aviões no chão

Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e dos Aeroportos acusa a administração de Antonoaldo Neves em toda a linha e conclui que “até a Ryanair faz melhor que a TAP”.
29 Junho 2020, 16h02

O SITAVA – Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos critica a administração da TAP por continuar com a maioria da frota paralisada.

“Ao contrário das outras companhias, que demandam os aeroportos nacionais com aviões de grande porte, os da TAP continuam no chão. Certamente os gestores dessas companhias estão a gerir mal os seus negócios e a perder dinheiro. Ou será o contrário?”, questiona-se a direção do SITAVA, em comunicado, intitulado “A TAP, os caça níqueis e a insólita situação de bloqueio”.

De acordo com essa nota, “não podemos deixar de nos interrogar com a situação de impasse que se vive na companhia, com os acionistas minoritários a bloquearem a solução financeira que já deveria estar na empresa”.

“Depois das audições havidas na Assembleia de República, que trouxeram a público as divergências existentes entre o Conselho de Administração e a Comissão Executiva, ficámos com a certeza de que o Estado soberano tem que atuar
rapidamente e assumir o controlo da empresa. Esta é uma decisão urgente não só para colocar no terreno a retoma da operação que já tarda, mas também para iniciar a reorganização interna e parar com o desmantelamento em curso nalgumas direções vitais para essa retoma”, defende o referido comunicado.

Para os responsáveis do SITAVA, “esta é uma questão crucial para o futuro da companhia e para os trabalhadores que afastados dos seus locais de trabalho, vivem um quotidiano de grande incerteza e insegurança”.

“Por um lado, a comunicação social, toda em uníssono, faz eco das propostas que o Governo apresentou aos acionistas minoritários. Por outro, da parte destes, escuta-se um ensurdecedor silêncio que parece demonstrar muito pouca vontade de investir na empresa que, dizem, também é sua. Afinal estes acionistas querem ou não contribuir para a recuperação da companhia aérea nacional?”, pergunta a direção do SITAVA, acrescentando que, “fazendo fé nas declarações do senhor ministro das Infraestruturas e Habitação, fica claramente demonstrado que os acionistas privados e também a sua Comissão Executiva não têm os interesses alinhados com o interesse da companhia e dos seus trabalhadores, mas apenas com os seus próprios”.

“É tempo de isto acabar”, exige a direção do sindicato.

De acordo com os responsáveis do SITAVA, “chegados ao fim do mês de junho, mês em que tudo fazia prever que o ‘lay-off’ terminaria, e com a abertura de fronteiras os aviões começariam a voar, nada disso aconteceu”.

“Ao invés disso, fomos de novo violentados com mais um ‘e-mail’ (pois claro, um ‘e-mail’) emanado da Direção de Recursos Humanos, lembrando-nos que afinal o castigo se irá prolongar. Esta impensável situação torna-se ainda mais violenta porquanto configura, além do prolongamento dos cortes salariais, também a continuação da sobranceria na forma de comunicar, denotando uma insuportável falta de consideração pelos
trabalhadores e pelos seus representantes”, prossegue o referido comunicado.

A direção do SITAVA prossegue com as críticas à gestão da companhia aérea nacional, adiantando que, “do vasto leque de empresas, onde representamos trabalhadores, a TAP é a única onde os trabalhadores são tratados desta forma, com autêntico desprezo que roça a
insolência”.

“Afinal, os trabalhadores, que enchem a boca dos gestores quando estes falam em público, são depois tratados como “coisas descartáveis” a quem se envia um simples ‘e-mail’ para lhes anunciar a punição seguinte, e mesmo este sempre tarde e a más horas. Hoje, a dois dias do fim do mês, ainda ninguém sabe o que fará no próximo
dia 1 de julho. Temos que reafirmar sempre e em cada momento, que mesmo com a pandemia, não passou a valer tudo”, avisam os responsáveis deste sindicato.

A direção do SITAVA questiona ainda a atitude da administração da TAP em relação às férias. “Decidiram pagar
o subsídio de férias a todos os trabalhadores, o que saudamos, mas até esta ‘benevolência’ não foi ingénua. Descobriram à última hora, que pagando já, a empresa ficava isenta do pagamento da TSU [Taxa Social Única]. Mais uma vez se constata que os trabalhadores apenas recebem agora o subsídio de férias porque isso traz vantagens à empresa, e não por qualquer gesto magnânimo de consideração pelos trabalhadores”, contesta o sindicato.

“Mas há mais. Quanto ao gozo dos períodos de férias que os trabalhadores têm planeados a atitude da empresa é ainda mais mesquinha. Temos sido informados pelos nossos associados que a empresa está, nalguns casos, a forçar o gozo de férias a trabalhadores que estão em casa desde abril, com suspensão do contrato de trabalho”, acusa o SITAVA.

No entender da direção do SITAVA, “é difícil encontrar um adjetivo para isto que não seja sinónimo de malvadez”.

“É bom que se saiba que esta mesquinha atitude da TAP apenas tem por finalidade poupar alguns euros, enquanto outras empresas do setor não hesitam em retirar os trabalhadores do ‘lay-off’, pagando-lhe o salário a 100% durante o período de férias. Até a Ryanair faz melhor que a TAP. Inacreditável”, conclui o comunicado do SITAVA.

 

 

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