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SNS: Miranda Sarmento diz que Governo executou menos 170 milhões de euros do que prometido

O presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD diz que o Governo executou no Serviço Nacional de Saúde menos 170 milhões de euros em 2020 face ao prometido no OE retificativo, aprovado em julho de 2020, meses depois do início da pandemia.
Cristina Bernardo
3 Fevereiro 2021, 09h39

O economista Joaquim Miranda Sarmento, presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD, acusou o Governo de não gastar tanto quanto poderia, ficando a execução orçamental abaixo do previsto.

“No OE20, em janeiro, antes da pandemia, previam executar 360 milhões investimento no SNS. Depois, no retificativo prometiam executar 436 milhões. Acabaram a executar 262 milhões. Menos 100 milhões que o previsto em janeiro, antes da pandemia. Menos cerca 170 milhões que o prometido depois do início da pandemia”, escreveu o professor universitário numa publicação no Twitter.

Também num texto publicado na nota mensal do Fórum para a Competitividade, o economista já tinha considerado que o “Governo subexecutou a despesa em 2020”.

“Como se explica que o défice em contabilidade pública tenha ficado abaixo em cerca de 3,5 mil milhões de euros, do previsto no [orçamento] retificativo? Em grande medida porque o Governo subexecutou a despesa”, pode ler-se na nota de conjuntura do Fórum para a Competitividade publicada terça-feira.

No texto, o professor universitário refere que “o investimento público aumentou face a 2019 apenas 170 milhões de euros (100 milhões de euros na saúde)”, passando de 4,8 mil milhões de euros para 5 mil milhões de euros, sendo que o Governo “tinha autorização para 6,4 mil milhões de euros”.

As administrações públicas fecharam o ano de 2020 com um défice de 10.320 milhões de euros, um agravamento de 9.704 milhões de euros face a 2019, anunciou na quarta-feira passada o Ministério das Finanças.

“Refira-se que a despesa com juros desceu, face a 2019, cerca de 500 milhões de euros! Ou seja, o aumento do investimento é menos de metade da poupança com os juros. A aquisição de bens e serviços aumentou 300 milhões de euros (passou de 13.2 mil milhões de euros para 13,5 mil milhões de euros), quando o Governo tinha autorização para 15 mil milhões de euros de despesa nesta rubrica”, escreveu o professor do ISEG na publicação do Fórum para a Competitividade.

Joaquim Miranda Sarmento considera ainda que houve uma “redução muito pequena” das dívidas a fornecedores, que eram em fevereiro de 1.574 milhões de euros e em dezembro de 1.428 milhões de euros”.

“Ou seja, o Governo tinha autorização da AR [Assembleia da República] para apoiar mais a saúde e a economia. Mas não fez. Aliás, um estudo recente do FMI [Fundo Monetário Internacional] mostrava que Portugal tinha uma das respostas orçamentais à crise mais baixa da União Europeia. A razão é simples. A dívida pública é muito elevada, e como tal, a margem orçamental é muito estreita”, pode ler-se no documento conhecido esta terça-feira.

O economista considerou ainda que “o mais extraordinário é que o Governo nem sequer executou o que tinha previsto no OE2020, na sua versão original”, aprovado em janeiro, antes da pandemia de Covid-19.

O responsável do PSD relevou também que a aquisição de bens e serviços ficou “substancialmente abaixo do previsto no OE2020 (cerca de 900 milhões de euros) e ainda mais abaixo que o previsto no OER [retificativo] (menos cerca de 1,6 mil milhões de euros)”.

“Os subsídios e outra despesa corrente também ficaram muito abaixo do previsto, sobretudo esta última, que foi de 850 milhões de euros, quando estava previsto, no OE2020, cerca de 2,5 mil milhões e cerca de 2,9 mil milhões no OER”, pode ler-se no documento.

Na semana passada, a deputada do BE Mariana Mortágua já tinha publicado na rede social Twitter uma mensagem em que considerava que um “défice abaixo do previsto não é elogio”, mas sim “um orçamento suplementar por executar”. “São apoios que se atrasam ou nem chegam à lei. É investimento por fazer. Não estamos em tempo de brilharetes”, escreveu a parlamentar bloquista.

Pelo PCP, o deputado Duarte Alves disse ao jornal ‘online’ Eco que “nada justifica que o Governo não tenha usado plenamente a margem orçamental para dar resposta aos problemas do país”. Considerando a execução abaixo do previsto um “problema sistemático” dos governos PS, o parlamentar comunista defendeu que “se a situação económica permitia um maior investimento, o Governo deveria ter optado por esse reforço, em vez de canalizar a margem orçamental para a redução acelerada do défice”.

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