O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está um caos! Disso ninguém tem dúvidas e não estou a ser sensacionalista. Não dou novidade a nenhum dos leitores sobre o estado do momento presente, mas talvez dê sobre o seu potencial.

O SNS tem futuro. Por vezes, quando uma determinada organização entra numa situação caótica, fica muito difícil acreditar que possa recuperar o equilíbrio porque se perde a esperança. Mas o SNS tem futuro. O potencial dos recursos em saúde é enorme.

Há muito tempo que o SNS vem consumindo recursos, mas tarda em mostrar algo de razoável. Tudo parece estar igual ou pior, sendo que o dinheiro dos contribuintes continua a ser imenso e a aumentar todos os anos.

Contribuímos cada vez mais para “esta parcela do serviço do Estado”, à qual somamos seguros de saúde, para no conjunto acabarmos mais pobres e mal servidos.
Portanto, apesar de tudo isso, acredito que este caos é dissipável e o verdadeiro propósito do SNS consegue ser recuperado.

Antes do mais, devemos relembrar que o verdadeiro sentido do SNS é – garantir o direito à proteção da saúde a todos os cidadãos e que seja tendencialmente gratuito. Sim, não tem de ser gratuito para todos porque nem todos são materialmente carenciados.

Outro dado é que já somos muitos em Portugal, com origens diferentes, posses diferentes e com uma estrutura etária mais envelhecida. E, ainda, é decisivo não fazer de conta que não existe uma estrutura muito mais vasta de unidades hospitalares que podem perfeitamente servir as necessidades da população.

O sistema privado de saúde não é nenhum inimigo do SNS. Desde há largos anos que vivenciamos essa relação público-privado porque o público não faz tudo e a pessoa é direcionada para o privado, como no diagnóstico por análise clínicas, imagiologia, cardiologia, por exemplo, ou no caso de tratamentos como fisioterapia.
Então, se assim tem sido, porque não pensar global e ir mais além?

Não se pode confundir a obrigação de garantir o direito à saúde com o fundamentalismo em só garantir esse direito através do SNS. O Serviço Nacional de Saúde deveria ser um Sistema Nacional de Saúde. Se o primeiro tende a pensar só nos recursos do Estado, o segundo tem uma perspetiva nacional.

Por fim, ao nível da liderança, Portugal tem tido como ministros da saúde médicos e não médicos o que me leva a questionar, porque será que chegamos a este caos apesar de toda esta expertise?

Se calhar o problema não são as pessoas, mas a filosofia, o propósito com que se olha para o panorama nacional da oferta em cuidados de saúde.

Precisamos de mente aberta para gerir todos os recursos nacionais, servir melhor os portugueses e pagar menos impostos. Gerir um sistema nacional de saúde de forma eficaz, eficiente, otimizado e que permita aos contribuintes, contribuir menos e ser mais bem servidos.