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Só os franceses pagam menos que os portugueses por comunicações eletrónicas

A Apritel promoveu um estudo que entende responder à questão “quanto gastaria por mês um consumidor médio que, saindo de Portugal para um país da União Europeia, quisesse manter o nível de serviço?”. O estudo foi apresentado hoje e a sua conclusão indica “um sinal de competitividade do mercado português”, secundo o secretário geral da entidade, Pedro Mota Soares.
13 Novembro 2019, 10h30

Os preços médios praticados em Portugal no setor das telecomunicações para os pacotes de três serviços ou de quatro serviços convergentes (3P e 4P, respetivamente) estão abaixo do valor médio praticado na União Europeia, ficando apenas acima dos preços praticados pelas telecom francesas, de acordo com os resultados do primeiro estudo sobre os preços dos serviços predominantes entre os consumidores portugueses, divulgados esta quarta-feira pela Associação dos Operadores de Comunicações Eletrónicas (Apritel).

“Em Portugal há esta capacidade de oferecer dos melhores produtos aos preços mais baixo da União Europeia. É um sinal de competitividade do mercado português”, comenta o secretário-geral da Apritel, Pedro Mota Soares ao Jornal Económico.

De acordo como documento “Análise de preços das comunicações eletrónicas na Europa”, cujos dados consideram a influência da carga fiscal e a atualização da Paridade do Poder de Compra, em Portugal o preço médio para de um pacote 3P (televisão, internet fixa e telefone) é de 38,60 euros, um valor 34% inferior à média dos países da União Europeia analisados (58,05 euros).

Fonte: Apritel

Já para o pacote 4P (televisão, internet fixa, telefone e telemóvel), o preço médio é de 59,94 euros, um custo 20% mais baixo face à média dos países da UE comparados (59,94 euros). “Se olharmos para a nossa vizinha Espanha, percebemos que há uma diferença significativa”, salienta Mota Soares.

Fonte: Apritel

Para o líder da Apritel, o resultado do estudo responde a uma das missões da entidade, que é  também “informar e esclarecer os consumidores”. Mas também é um sinal de competitividade de “um setor que representa 2,3% do porduto interno bruto nacional e emprega cerca de 18.000 pessoas”. “Portugal compara bem, quer na qualidade dos serviços e quer nos preços a que são disponibilizados aos portugueses. Com exceção de França, Portugal é o que tem os preços mais baixos. Os preços estão ajustados em paridade de poder de compra – os salários em Portugal estão abaixo da média europeia e por isso mesmo”, defende.

O preço médio verificado em Portugal, tanto nos pacotes 3P como nos pacotes 4P, só em França se encontram valores mais baixos (31,52 euros e 47,38 euros, respetivamente). Mas, segundo Pedro Mota Soares, se o indicador do poder de compra do consumidor fosse excluído da análise comparativa, Portugal teria “efetivamente” os preços mais baixos  da UE no que respeita aos serviços de comunicações eltrónicas predominantes.

Secretário-geral da Apritel, Pedro Mota Soares | Foto Cristina Bernardo

Assim, sem a aplicação do Poder de Paridade do Poder de Compra, o preço médio de um pacote 3P seria de 33,5 euros. Já o preço médio para um pacote 4P seria de 52,03 euros. “Se nós olharmos para os valores absolutos, que incluem a carga fiscal, em Portugal os valores são os mais baixos”, comenta o secretário-geral da Apritel.

O estudo conclui que Portugal está entre os países europeus com preços mais baixos nas comunicações, mas atendendo ao poder de compra do consumidor português há margem para o preço médio destes serviços analisados baixarem? O líder da associação das operadoras argumenta que o preço destes serviços resulta no facto de o mercado das telecomunicações ser “muito concorrencial e muito competitivo”.

“E isso comprova-se em três factores: o investimento e a inovação são permanentes – este setor tem investido quase mil milhões de euros por ano; permanentemente os operadores têm capacidade de oferecer novos serviços – temos muitos serviços que não existem noutros países da Europa; muitas vezes as pessoas mudam de operador, ou seja há liberdade de escolha.  Tudo isso tem um conjunto de reflexos na qualidade dos serviços mas também nos preços desses mesmos serviços#, explica Pedro Mota Soares.

Para este estudo da Apritel foram considerados os dez países da União Europeia que mais se assemelham a Portugal em termos de qualidade e diversidade de oferta de serviços de comunicações eletrónicas, nomeadamente a Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Estónia, França, Hungria, Irlanda, Países Baixos, Reino Unido. Geograficamente, para esta análise, foram selecionados operadores representativos de 80% do mercado de comunicações eletrónicas.

“Quisemos comparar efetivamente o que é comparável. O que nós fizemos foi perceber aquilo que é um pacote normal que uma família portuguesa contrata – pacotes de três serviços convergentes ou quatro serviços convergentes que representam mais de 80% do que é o mercado português – e como é que o preço desse pacote compara com os preços praticados na Europa”, explica o secretário-geral da Apritel ao JE.

O estudo “Análise de preços das comunicações eletrónicas na Europa” foi realizado com pela consultora Deloitte, tendo por base dados da OCDE, da Comissão Europeia e dos operadores de telecomunicações até junlho de 2019.

Com esta análise a Apritel pretende responder à questão: “quanto gastaria por mês um consumidor médio que, saindo de Portugal para um país da União Europeia, quisesse manter o nível de serviço?”.

https://jornaleconomico.pt/noticias/entrevista-apritel-512510

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