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Vamos mesmo deixar de usar dinheiro vivo? Especialistas dizem que não

“O pagamento tem de ser um meio com que a nossa vida flua melhor. Precisamos de um pagamento frictionless, é a ‘Uberização’ dos pagamentos”, frisou Nuno Loureiro, ‘head of payments’ do Santander Totta. No entanto, “se vamos chegar a um nível 100% cashless, tenho dúvidas”, salientou.
28 Novembro 2019, 13h05

A disrupção digital está a transformar a forma como pagamos e o debate em torno do subsistência dos pagamentos em numerário é atual. Estaremos a caminhar para uma sociedade totalmente cashless? Sem usar dinheiro vivo?

O cashless é cada vez mais uma realidade, mas não significa o fim do dinheiro físico. Esta foi a opinião dos quatro oradores que participaram no debate “O futuro do dinheiro e das transacções comerciais numa sociedade cashless“, no âmbito da conferência Portugal Financial Fórum, que se realizou esta quinta-feira no campus da Nova SBE e da qual o Jornal Económico é media partner.

Filomena Oliveira, economista e ex-vice presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), disse que “vamos ser e já estamos a ser uma sociedade cashless, embora vai haver sempre um resíduo de transações em numerário”. E explicou: “por causa da franja da população mais envelhecida, na Europa e em Portugal, talvez menos aberta à tecnologia”.

“Só isto faz com que se mantenha um resíduo de transações feitas com cash”, salientou Filomena Oliveira.

Nuno Loureiro, head of payments do Santander Totta, disse que acredita “na digitalização dos pagamentos”, para quem esta questão é uma realidade incontornável nos dias de hoje. “Realidades como avanço da internet, o 5G, a questão das economias da subscrição, tudo isso leva a que a minha vida esteja digital”, referiu.

“O pagamento tem de ser um meio com que a nossa vida flua melhor. Precisamos de um pagamento frictionless, é a ‘Uberização’ dos pagamentos”, frisou o head of payments do Santander. No entanto, “se vamos chegar a um nível de 100% de cashless, tenho dúvidas”, salientou Nuno Loureiro.

Para Tiago Violas Ferreira, CEO do Grupo Violas Ferreira, a questão passa pelo facto de haver pessoas que, no mundo, não têm uma conta bancária. “Para retirar o cash completamente da sociedade, é preciso resolver o problema que não há pessoas com conta bancária”, disse.

No Estado, Cristina Casalinho, presidente do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, já secções de tesouraria completamente electrónicas, nomeadamente na dívida institucional. “Na parte de dívida institucional, é tudo eletrónico”, explicou. No entanto, a presidente do IGCP considerou que “vai sempre haver um resíduo do cash“, embora possa vir a ser algo diferente das moedas ou das notas. “Pode ser uma coisa diferente”, concluiu.

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