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Sócrates acusa PS de “traição” ao “remover” da história “o único líder que teve maioria absoluta”

No livro “Só Agora Começou” que será lançado nos próximos dias, o ex-chefe de Governo acusa os socialistas de decidiram que “o único líder que teve uma maioria absoluta deveria ser removido da história”. A par disso, diz que foi alvo de uma “vingança” da direita, que procurou afastá-lo da vida política. “Nunca esperei que esta me atacasse tão injustamente”, refere.
11 Abril 2021, 10h26

O antigo primeiro-ministro José Sócrates acusa a direção do Partido Socialista (PS) de “traição”, no livro “Só Agora Começou” que será lançado nos próximos dias. O ex-chefe de Governo diz que os socialistas decidiram que “o único líder que teve uma maioria absoluta deveria ser removido da história” e que, a par disso, foi alvo de uma “vingança” da direita, que procurou afastá-lo da vida política.

“Se nenhuma ajuda pedi à direção do partido também nunca esperei que esta me atacasse tão injustamente, não me deixando outra alternativa para defender a minha dignidade pessoal que não fosse a saída. Saída essa que, aliás, pareciam desejar – ela, a direção, e ela, a direita política. Bom, aí a tem”, escreve José Sócrates no livro, que tem pré-publicação este domingo no jornal “Diário de Notícias”.

No livro, José Sócrates critica o presidente do PS, Carlos César, por ter feito uma “condenação pública” a Manuel Pinho, ex-ministro da Economia do Governo de José Sócrates. Já ao atual secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, chama-lhe apenas de “o atual líder do PS”. “A política ama a traição mas despreza o traidor”, escreve, citando o político brasileiro Ulysses Guimarães.

“Nenhum de nós tinha ilusões”, sublinha José Sócrates: “Afinal, conhecemos bem a história do nosso país, a cultura das nossas instituições e o que alguns dos nossos compatriotas, zelosos homens do Estado, são capazes de fazer em certos momentos”.

O livro conta com um prefácio da antiga presidente do Brasil Dilma Rousseff, que compara a “Operação Marquês”, no âmbito da qual José Sócrates deverá responder em tribunal por seis dos 31 crimes de que estava acusado (depois de a decisão instrutória do juiz Ivo Rosa ter deixado cair todos os crimes de corrupção e fraude fiscal), à “Lava Jato”, a megaoperação que colocou o ex-presidente brasileiro Lula da Silva na prisão.

O ex-primeiro-ministro equipara ainda o juiz Carlos Alexandre, a quem foi inicialmente atribuído o processo, ao juiz brasileiro Sergio Moro, que, em 2018, aceitou ser ministro da Justiça e Segurança Pública no Governo de Jair Bolsonaro.

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