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Sonae e Gulbenkian dirigem manifesto ao Governo em defesa do reforço da ciência e da inovação

Paulo Azevedo, Chairman da Sonae, diz que “a inovação é fundamental para reforçar a competitividade da economia, criar emprego e potenciar o desenvolvimento social. Por isso, é crucial para o futuro do País a definição de políticas públicas urgentes que potenciem esta aposta e fomentem a cooperação entre os mundos empresarial, científico e académico”.
17 Julho 2020, 08h58

O manifesto Ciência Portugal escreveu um carta ao Governo. São cientistas, empresários e gestores que se uniram num apelo à definição de estratégias visionárias de desenvolvimento económico e social alicerçadas numa forte aposta em ciência e inovação.

O manifesto, que foi enviado hoje ao Primeiro Ministro António Costa, reúne 50 cientistas e 50 empresários e gestores nacionais e defende uma tomada de posição urgente para relançar o futuro de Portugal.

Os signatários defendem que garantir mecanismos financeiros e de cooperação entre sector público e privado permitirá a Portugal assumir uma posição de liderança e um forte contributo para o aumento de competitividade na Europa.

“No momento em que, no Conselho Europeu, decorrem as negociações para a definição do orçamento do Programa Quadro Europeu (Horizonte Europa, 2021-2027), já com um possível corte de 5 mil milhões de euros, e em que em Portugal será debatido o Plano de Recuperação Económica e Social (2020-2030), no Conselho de Ministro de dia 17 e 18 de Julho, é urgente uma tomada de posição assente em estratégias que coloquem a investigação e a inovação nas prioridades nacionais e europeias”, refere o comunicado conjunto da Sonae e Instituto Gulbenkian de Ciência.

“Mais do que nunca, a ciência e a inovação ocupam um espaço imprescindível e determinante na sociedade, nomeadamente na identificação de soluções para emergências em saúde pública, na definição de estratégias de resposta, na determinação das políticas publicas necessárias ou ainda nos modelos de negócio existentes. A pandemia atual trouxe para a ribalta uma verdade conhecida, mas muitas vezes esquecida”, adianta a nota.

O comunicado da Sonae da da Gulbenkian realça que “a posição que Portugal assume no combate à pandemia é o resultado do investimento e produção de conhecimento dos últimos 30 anos: em tempo recorde houve mobilização, reorganização na produção de conhecimento, nos métodos de diagnóstico e na utilização de equipamentos indispensáveis à luta contra a pandemia”.

Para Mónica Bettencourt-Dias, Diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência, “a ciência fundamental e translacional, a Inovação e a garantia de interação entre diferentes sectores são pilares estratégicos na resposta aos desafios atuais e futuros. Agora é o momento de consolidarmos o que verificamos ser inevitável e garantir a liderança de Portugal na definição de estratégias visionárias”, lê-se na nota.

Já para Paulo Azevedo, Chairman da Sonae, diz que “a inovação é fundamental para reforçar a competitividade da economia, criar emprego e potenciar o desenvolvimento social. Por isso, é crucial para o futuro do País a definição de políticas públicas urgentes que potenciem esta aposta e fomentem a cooperação entre os mundos empresarial, científico e académico. Só através de um esforço conjunto de todos os atores privados e públicos é possível responder aos desafios criados pela pandemia, contruir uma economia baseada no conhecimento e potenciar a competitividade e o emprego em Portugal”.

O Manifesto aponta uma estratégia consolidada em torno de três pilares fundamentais: uma visão para o futuro, a cooperação entre público e privado e o reforço do investimento em inovação. Assim, o documento realça a necessidade de visão estratégica de longo prazo, defendendo que só uma investigação fundamental de qualidade permitirá criar conhecimento e ferramentas para fazer face aos desafios futuros e imprimir a concretização das nossas aspirações.

Os signatários defendem também a cooperação entre público e privado, com uma aposta conjunta na investigação e inovação ao longo da cadeia de valor e sua integração na sociedade e economia nacionais. “Para tal, é necessário maior investimento a longo prazo em recursos humanos excelentes, ecossistemas e infraestruturas tecnológicas das universidades, politécnicos, institutos de investigação e empresas”, dizem.

É também necessário investir na ligação da indústria nacional e internacional à investigação e inovação e assegurar uma maior articulação e coordenação entre instituições nacionais e internacionais, antecipando cenários e melhorando a resposta conjunta a desafios globais. “Para tal, exige-se um reforço orçamental que permita destacar Portugal e a Europa a nível mundial, potenciando a competitividade e o emprego”, adiantam.

O manifeste defende que Portugal e os seus parceiros devem apoiar um investimento em investigação e inovação forte, seja através do quadro financeiro plurianual, seja através do Plano de Recuperação Económica e Social (Next Generation EU). “O orçamento europeu deverá complementar – e não substituir – o investimento de base nacional”, defendem.

“Hoje, atuar de forma concertada e antecipando o futuro será determinante na resposta aos próximos desafios. Estimular a produção de novas ideias, de novas abordagens na saúde, nas alterações climáticas, na educação, na energia ou na digitalização e automação requer uma estratégia que torne o futuro possível”, conclui o comunicado.

 

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