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Sonangol centrada na dispersão do capital em bolsa

Num documento interno, de 5 de março de 2021, a que o Jornal Económico teve acesso, a Sonangol refere que está a preparar a sua estrutura corporativa para a dispersão do capital em Bolsa, revelando que em 2020 os seus proveitos operacionais sofreram uma queda de 42,2%, o EBITDA diminuiu 58,8% e a dívida líquida aumentou 80% face a 2019. O processo de privatizações em curso – PROPRIV – conclui a alienação de três empresas, permitindo um encaixe de 40,6 milhões de euros. O Programa de Reestruturação já permitiu obter uma poupança na Sonangol de 1.197,2 milhões de euros, esclarece o documento que marca os 45 anos de vida da petrolífera estatal angolana, presidida por Sebastião Gaspar Martins.
5 Março 2021, 18h05

A Sonangol, acionista indireta da Galp, para marcar a comemoração dos 45 anos de atividade – 1976-2021 – efetuou um balanço da sua atual situação, avaliando o projeto “Regeneração” em curso, numa análise ao desempenho operacional e financeiro em 2020, realizada sexta-feira, 5 de março, e a que o Jornal Económico teve acesso, onde destaca os resultados provisórios operacionais, comerciais e financeiros da petrolífera estatal angolana presidida por Sebastião Gaspar Martins.

Entre as perspetivas para 2021, a Sonangol destaca que, a nível corporativo, já está a efetuar a preparação para a dispersão do seu capital em bolsa. A nível dos indicadores de gestão, a Sonangol anuncia que registou uma redução de 42,2% nos proveitos operacionais em 2020, que passaram de 10.347 milhões de dólares (cerca de 8.602,9 milhões de euros) em 2019 para 5.982 milhões de dólares (cerca de 4.973,6 milhões de euros) em 2020, enquanto o EBITDA diminui 58,8%, passando de 4.779 milões de dólares (cerca de 3.973,4 milhões de euros) em 2019 para 1.971 milhões de dólares (cerca de 1.638,7 milhões de euros) em 2020. A dívida financeira total da Sonangol baixou 16% de 2019 para 2020, mas a dívida líquida aumentou 80% no referido período, passando de mil milhões de dólares (cerca de 831,4 milhões de euros) em 2019 para 1.801 milhões de dólares (cerca de 1.497,4 milhões de euros) em 2020, segundo dados da Sonangol a que o JE teve acesso.

Relança produção petrolífera em 2021

Também para 2021 a Sonangol refere o relançamento da atividade petrolífera na zona terrestre da bacia do Kwanza, com a perfuração de pelo menos um poço petrolífero no Bloco KON 4, o que implicará um investimento de 25 milhões de dólares (cerca de 20,7 milhões de euros), bem como a recuperação da produção de quatro poços produtores, com campanhas de workover no Bloco 3/05, que, diz a Sonangol, tem uma produção esperada de 4.000 barris de petróleo por dia, implicando um investimento de 40 milhões de dólares (cerca de 33,2 milhões de euros).

A Sonangol salvaguardou a eventualidade da informação definitiva poder refletir algumas alterações relacionadas com as responsabilidades fiscais, o fecho contabilístico e as auditorias externas, a Sonangol inclui entre os principais destaques, a conclusão do Programa de Reestruturação que permitiu uma poupança estimada em 1.440 milhões de dólares (cerca de 1.197,2 milhões de euros) em 2020, que contribuiu para a redução de custos e a redução das importações de combustíveis (66%), a redução de custos de estrutura (14%), a redução de custos da atividade mineira (12%) e a redução de custos com o pessoal (9%) e ainda o encerramento de contingências com o Estado.

Outro destaque é o arranque da implementação da nova estratégia de exploração e produção da Sonangol, que prevê um aumento da quota de produção operada de 2% para, pelo menos, 10% em 2027. Avança igualmente com um valor preliminar para o EBITDA, com 1.971 milhões de dólares (cerca de 1.638,7 milhões de euros). Refira-se que os dados de gestão da Sonangol refletem sempre a flutuação cambial do kwanza face ao dólar e ao euro, o que origina muitas vezes variações significativas em dólares e em euros.

Três privatizações renderam 40,6 milhões de euros

Também faz o primeiro balanço da implementação do programa de privatizações, em que já foram concluídos três processos durante 2020 (entre 11 concursos lançados, dos quais nove processos continuam em negociação), proporcionando um encaixe total de cerca de 40,6 milhões de euros (contra uma empresa privatizada em 2019, que proporcionou um encaixe de 6,5 milhões de euros). No restante processo de alienações figuram 34 empresas. Esta estratégia de privatizações de negócios não nucleares cumpre o disposto no Decreto Presidencial nº250/19, de 5 de agosto, que deu continuidade ao programa de privatizações PROPRIV de empresas e ativos da Sonangol, contribuindo para a reestruturação e redimensionamento do Sector Público Nacional angolano.

A Sonangol refere igualmente a construção do centro de rastreio e tratamento da Covid-19 no km 27 da estrada para Viana, bem como a aprovação da política anti-corrupção e adesão à “TRACE International”, que é a organização dedicada ao apoio à compliance anti-suborno.

Destaca ainda a estabilização operacional da refinaria de Luanda (para triplicar a capacidade de produção diária de gasolina), o desenvolvimento do projeto da refinaria do Lobito (com capacidade instalada para processar 200 mil barris de petróleo por dia, num investimento de 4.400 milhões de dólares – cerca de 3.658,3 milhões de euros) e, ainda, a decisão final para a construção da primeira fase da refinaria de Cabinda, um projeto de iniciativa privada, com capacidade prevista para o processamento de 30 mil barris de petróleo por dia, embora a sua capacidade instalada admita o processamento diários de cerca de 60 mil barris de petróleo por dia, num investimento total de 950 milhões de dólares (cerca de 789,8 milhões de euros).

Diversificação da matriz energética angolana

Finalmente, destaca o arranque da implementação da estratégia de monetização do gás e produção de energia através de fontes renováveis, contribuindo assim para a diversificação da matriz energética angolana.

A Sonangol esclarece que registou um acréscimo de 3% no número de trabalhadores “devido à regularização da situação de subcontratados inseridos no quadro de efetivos”. Também adianta que está a proceder à estabilização da produção e ao relançamento da atividade de exploração petrolífera, informando que participa no novo consórcio de gás com início do desenvolvimento de Gás Não Associado (NAGs). A petrolífera estatal angolana tem em exploração sete poços e em avaliação um poço, tendo produzido em 2019 um total de 243.313 barris de petróleo por dia e em 2020 a sua produção diminuiu 2,4%, passando para 237.414 barris por dia, sendo a esmagadora maioria obtida na produção de blocos petrolíferos não operados pela Sonangol, onde, de 2019 para 2020, passou de, respetivamente 232.804 barris de petróleo diários para 228.707 barris diários (uma descida de 1,8%, segundo refere). Em 2020 a Sonangol entrou nos blocos petrolíferos 15 e 17.

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