[weglot_switcher]

Sondagem Aximage/JE: Maioria esmagadora a favor de limites nas comissões bancárias

Diplomas sprovados na Assembleia da República, mas que ainda têm de ser discutidos na Comissão de Orçamento e Finanças, têm apoio transversal entre os clientes dos bancos. Está em causa uma das maiores receitas das instituições de crédito nacionais.
  • Cristina Bernardo
30 Março 2020, 08h17

Quase oito em cada portugueses apoiam os projetos de lei aprovados pela Assembleia da República no final de fevereiro que visam impor limites às comissões bancárias, segundo uma sondagem realizada pela Aximage para o Jornal Económico. Entre os inquiridos, 58,8% disseram concordar totalmente com os diplomas do PS e do PSD, que ainda terão de ser discutidos na Comissão de Orçamento e Finanças (tal como iniciativas do Bloco de Esquerda, PCP e PAN, descidas à comissão parlamentar sem votação), enquanto outros 29,3% responderam que concordavam.

Pelo contrário, apenas 2,8% daqueles que responderam à sondagem, realizada entre os dias 7 e 10 de março, discordaram das iniciativas dos deputados e 1,8% disseram mesmo discordar totalmente. Outros 5,7% responderam que não concordavam nem discordavam e 1,6% não responderam ou não souberam responder. Resultados que confirmam o apoio popular a alterações legislativas que põem em risco uma das maiores fontes de receitas da banca portuguesa, representando 1.546 milhões de euros em 2019 só nas contas dos quatro principais bancos (Caixa Geral de Depósitos, Santander Totta, Millennium bcp e BPI).

O apoio esmagador às iniciativas parlamentares no sentido de limitar as comissões bancárias – que alguns bancos suspenderam, no âmbito da crise da Covid-19, nomeadamente no que toca às transações online – é transversal aos géneros, grupos etários e grau de escolaridade, sendo ainda superior entre os homens (nove em cada dez concordam ou concordam totalmente), as pessoas com 35 a 49 anos e com 50 a 64 anos (nesse escalão existe quase unanimidade) e naqueles que têm mais do que a escolaridade obrigatória. E, curiosamente, a maior concentração de entrevistados que discordam ou discordam totalmente dos projetos de lei (mesmo assim, apenas 17,6%) encontra-se nas pessoas que admitem não saber as comissões que pagam aos bancos.

No que toca a orientação política – apesar de a Aximage assinalar que a maioria dos valores devem ser considerados a nível indicativo devido à escassez de eleitores de alguns partidos entre os inquiridos -, todos os que votaram no Livre nas legislativas concordam ou concordam absolutamente com os limites, sendo também esmagador o apoio daqueles que votaram no PAN (95%), Bloco de Esquerda (94,2%) e CDU (91,9%). Mas o apoio às medidas também é muito grande nos eleitorados do PS (86,7%) e PSD (82,7%), descendo para mínimos de 76,4% entre os que votaram no CDS-PP e de 63% nos que optaram pela Iniciativa Liberal, sendo os eleitores desse partido de longe os mais propensos a discordar das medidas aprovadas na Assembleia da República (15,6%).

A sondagem da Aximage indica também que apenas 30,3% dos clientes bancários sabem o valor exato das comissões que pagam, enquanto 37,6% sabem o valor aproximado e 18,6% admitem não fazer ideia dos montantes que lhes são cobrados. Apenas 13,5% afirmam não pagar comissões nem taxas, destacando-se entre estes últimos os entrevistados que têm conta no Banco CTT (64%), no ActivoBank (35,6%) e no Crédito Agrícola (33,1%).

Entre os que ignoram as comissões que pagam ao banco sobressaem, segundo a sondagem, os do Millennium bcp (28,1%), do Crédito Agrícola (25,8%) e da Caixa Geral de Depósitos (21,4%), enquanto o valor exato é conhecido sobretudo por clientes do ActivoBank (37,5%), do BPI (36,8%) e do Millennium bcp (35,6%).

FICHA TÉCNICA

Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal.

Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2) e escolaridade (2). A amostra teve 680 entrevistas efetivas: 453 entrevistas CAWI e 227 entrevistas CATI; 180 entre os 18 e os 34 anos, 200 entre os 35 e os 49 anos, 161 entre os 50 e os 64 anos e 139 para os 65 e mais anos; Norte 201, Sul e Ilhas 92; Área Metropolitana de Lisboa 227; Centro 160.

Técnica: Aplicação online – CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) – de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos; entrevistas telefónicas – metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao sub-universo utilizado pela AXIMAGE nos seus estudos políticos, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 7 e 10 de março de 2020.

Erro probabilístico: O processo amostral, não sendo aleatório, implica a não indicação do erro probabilístico. Contudo, para efeitos de comparação, para uma amostra probabilística com 680 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,019 (ou seja, uma “margem de erro” – a 95% – de 3,80%).

Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direcção técnica de João Queiroz.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.