Sonso é definido como “dissimulado; que finge ingenuidade; que faz as coisas pela calada”.
Há sonsos em todas as profissões e em todas as classes sociais.
Os que exercem a sua actividade profissional em empresas privadas, têm maior dificuldade em sobreviver, porque estão sujeitos a um escrutínio permanente de criação de valor.
O sector público, torna-se, assim, o ecossistema ideal para a sobrevivência e, por vezes, afirmação dos sonsos.
Uma área onde se verifica uma percentagem elevada de sonsos, é no domínio político partidário, em particular, nos chamados “boys” dos partidos de esquerda.
No meu partido, o PSD, também me cruzei com alguns.
Estes dirigentes públicos, sonsos, colocados nas organizações pelos respectivos partidos, caracterizam-se por serem, profissionais da vitimização, nunca terem culpa de nada, já encontraram a entidade que dirigem com problemas, que estão a tentar resolver, seguiram sempre as orientações da tutela, pelo que não podem ser responsabilizados por nada, estão prontos para acatar novas orientações, desde que não ponham em causa a sua continuação no cargo dirigente, que ocupam.
Foram, normalmente, alunos medianos, provêm, frequentemente, de instituições de ensino superior de segundo nível, têm carreiras profissionais medianas, sempre, sempre, ligadas ao partido a que pertencem.
Nunca exerceram qualquer actividade numa empresa privada, onde, sabem, que não sobreviveriam seis meses.
Para colmatar as suas ineficiências académicas e profissionais, recrutam adjuntos e mais funcionários, estando na base da enorme dimensão que atingiu a nossa administração pública.
Sabem bem que um ministro não pode dominar todos os detalhes da gestão dos organismos que tutelam, mas continuam a usar a desculpa de que seguiram as orientações da tutela, para defenderem a sua manutenção no lugar que ocupam.
Dum modo claramente incompetente.
A destruição de valor para a economia portuguesa, causada por estes sonsos, é enorme, como vamos assistindo diariamente por relatos da comunicação social.
E impedem uma verdadeira reforma do Estado, a reforma das reformas, que o nosso país necessita e vem, sempre, adiando.
Porque essa reforma terá de se iniciar pela extinção de organismos redundantes e pela nomeação de quadros dirigentes competentes, com provas dadas na gestão de organizações complexas, provenientes das nossas melhores universidades.
Mas, não tenhamos dúvidas. Os sonsos continuarão a existir, a sobreviver e a multiplicarem-se.
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.