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SPAC acusa TAP de “comportamento arrogante e intimidatório” (com áudio)

A tensão aumentou na TAP. Os pilotos queixam-se contra a arrogância e as intimidações da administração da TAP. O SPAC diz mesmo que “não pode aceitar que os pilotos sejam intimidados com as propostas prepotentes da TAP, que passam pela impossibilidade de negociar as condições, de impor cláusulas contratuais inaceitáveis e de afastar a colaboração do sindicato em representação dos interesses coletivos”. E o SPAC recorda que “sem pilotos a TAP não pode ser reestruturada”.
8 Março 2021, 13h47

Depois da celebração dos “acordos de emergência” entre a administração da TAP e as estruturas sindicais representativas das classes profissionais que trabalham no Grupo TAP, a tensão laboral aumentou bastante na empresa por causa do “comportamento arrogante e intimidatório” que a administração da empresa tem vindo a adotar nos programas de medidas voluntárias, ao ponto do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) ter emitido um comunicado esta segunda-feira, 8 de março, a denunciar que as intimidações que estão a ser feitas na companhia aérea “comprometem o futuro dos pilotos”

“O modo como o programa de medidas voluntárias tem vindo a ser conduzido põe em causa o esforço que os pilotos fizeram ao aceitar cortes brutais nas suas remunerações (50%) e o próprio ‘Acordo de Empresa de Emergência'”, denuncia o comunicado do SPAC, alertando para o facto da estrutura sindical ter “acompanhado com responsabilidade a situação do grupo TAP, procurando contribuir para encontrar soluções que sejam as melhores para os pilotos, no quadro de uma situação pandémica e de crise, de todos conhecida”.

Desde o início do processo de reestruturação que “o Conselho de Administração do grupo TAP e os seus serviços de RH (recursos humanos) têm, em relação ao SPAC, alternado entre um comportamento autista e uma postura de interação”, adianta o sindicado, referindo que “ao longo do tempo, o SPAC tem exigido que a TAP proceda à audição dos representantes dos pilotos para que sejam possíveis medidas justas para os trabalhadores e que defendam os seus interesses. Foi assim, por iniciativa do SPAC, que foi possível celebrar um ‘Acordo de Empresa de Emergência’, o qual foi ignorado pela TAP num primeiro momento e depois considerado essencial para o futuro da empresa”.

“O programa de medidas voluntárias é outro exemplo deste comportamento errático do Grupo TAP, do seu Conselho de Administração e dos serviços de RH. O programa encontra-se mal estruturado, revela deficiências de informação e é absolutamente opaco”, considera o SPAC.

Por outro lado, “a Direção de Recursos Humanos revela-se incapaz de responder às mais legítimas perguntas dos pilotos e adota uma postura arrogante perante a necessidade de haver um diálogo e um verdadeiro esclarecimento das opções que se colocam e que importam para a decisão dos interessados”, refere o sindicato.

“Esta postura da TAP é absolutamente inaceitável porque está em causa o futuro de muitos pilotos e das suas famílias”, diz o SPAC. “Além disso, o sucesso das medidas voluntárias tem impacto direto na situação daqueles que ficam para manter a TAP operacional e viável. Acresce a tudo isto que a TAP desconsidera a situação daqueles pilotos que deram muitos anos da sua vida em prol do sucesso da empresa, afastando legítimas expectativas quanto a benefícios sociais para os quais os pilotos contribuíram e com que contavam”, detalha o SPAC.

Finalmente, o SPAC diz que “não pode aceitar que os pilotos sejam intimidados com as propostas prepotentes da TAP, que passam pela impossibilidade de negociar as condições, de impor cláusulas contratuais inaceitáveis e de afastar a colaboração do sindicato em representação dos interesses coletivos”, adiantando “o facto de as medidas e condições estarem a ser alteradas todas as semanas, o que implicará a prorrogação do prazo, é também um exemplo da forma como o grupo tem tratado um tema que merece a seriedade e competência de todas as partes envolvidas no processo”.

O SPAC tem vindo a “apelar para que o prazo de aceitação das medidas voluntárias seja prorrogado, no mínimo, até ao fim do mês de março, para que sejam informados todos os trabalhadores das verdadeiras implicações das diversas hipóteses colocadas pela TAP e no sentido de serem criadas condições para que haja uma efetiva saída voluntária de pilotos”.

“É tempo de a TAP arrepiar caminho e assumir uma postura diferente: sem os pilotos a TAP não pode ser reestruturada e, por isso, devem as suas estruturas representativas ser ouvidas e participar em todos os processos com impacto direto na vida de todos e cada um dos pilotos, para além do imperativo que é os pilotos serem tratados com respeito”, alerta o SPAC, sublinhando que “se o programa de medidas voluntárias for um fracasso a responsabilidade é da TAP, porque desenhou mal o programa, não ouviu os sindicatos e ignorou as legítimas expectativas dos trabalhadores”.

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